Folha de S. Paulo


Após ser solta, jovem presa em protesto nega acusações em rede social

A jovem de 19 anos que foi presa e indiciada com base na Lei de Segurança Nacional afirmou, em uma mensagem postada nas redes sociais, que não participou de nenhum ato de violência ou vandalismo durante o ato da noite da última segunda-feira (7), no centro de São Paulo.

"Aqui vai meu grito --até o momento surdo--: não quebrei nada, não depredei nenhum patrimônio público, não bati/quebrei/atirei pedras em carro, loja ou estabelecimento publico algum. Nunca fui a favor de nenhum tipo de violência gratuita", afirmou a estudante de moda Luana Bernardo Lopes em sua página na rede social.

A universitária diz que foi ao protesto, acompanhada de um amigo, o pintor e artista plástico Humberto Caporalli, 24, apenas para fotografar. O advogado do rapaz, Geraldo Santamaria Neto, disse em entrevista à Folha, gravada um dia após as prisões, que os dois eram namorados.

"Fomos com uma câmera na mão e algumas tintas (como de costume, já não me lembro o dia que sai de casa sem pelo menos um pincel, caneta e papel na bolsa). Nos propomos a ir lá fotografar um momento de nosso tempo", diz a jovem.

Segundo a polícia, eles carregavam latas de spray, uma bomba de gás lacrimogêneo "aparentemente utilizada" e uma cartilha de como se portar em protestos. Policiais afirmaram que o casal pichou prédios, incitou a violência e ajudou um grupo a virar um carro da polícia de ponta-cabeça.

Eles foram enquadrados no texto que prevê pena de três a dez anos a quem "praticar sabotagem contra instalações militares, meios de comunicações, estaleiros, portos, aeroportos", e foram soltos ontem após decisão da Justiça.

"Se cometi alguma crime nessa noite, foi o de acreditar com toda minha fé que única arma que pode mudar algo é a da arte", afirmou a jovem no Facebook.

Editoria de arte/Folhapress

SEGURANÇA NACIONAL

Ontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que acredita não haver necessidade de aplicar a Lei de Segurança Nacional nas prisões de pessoas suspeitas de atos de vandalismo durante protestos. "Eu não sou professor de direito, nem advogado. Mas acho que não [tem necessidade]. O que acontece é baderneiro cometendo crime", afirmou.

"A orientação do secretário da Segurança Pública para a polícia é: não pode ser permitido atos de depredação, de vandalismo. Uma coisa é manifestação, que é legítima, a polícia acompanha para garantir o direito dos manifestantes e a liberdade de expressão. Outra coisa é destruir patrimônio público, destruir prédio, destruir carro, tocar fogo, por em risco a vida das pessoas", disse Alckmin.

O governador afirmou ainda que a polícia investiga se os atos de vandalismo cometidos durante o protesto são organizados. "É preciso verificar se isso não é uma coisa organizada. Essas coisas não são geração espontânea. Eu acho que tem que investigar para ver se não é uma questão organizada", disse.


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