Folha de S. Paulo


Manifestantes dirigem ônibus durante protesto no Rio; veja vídeo

Algumas das cenas vistas no protesto violento do Rio que se seguiu ao ato de milhares de professores, na última segunda-feira (7), são dignas dos videogames da atualidade.

Um vídeo postado na última quarta-feira no canal do youtube do Coletivo Mariachi mostra que manifestantes radicais, após atearem fogo em um ônibus na avenida Rio Branco, a principal do centro da cidade, dirigem outros dois coletivos e fecham a avenida com os veículos, antes de serem dispersados por policiais do Batalhão de Choque da PM do Rio.

O vídeo, de seis minutos e 49 segundos de duração, é intitulado "GTA da vida real: manifestante conduz três ônibus e fecha a avenida Rio Branco". Até a publicação desta reportagem, ele havia sido assistido por 9,4 mil pessoas.

GTA é a sigla para "Grand Theft Auto", popular jogo de videogame da produtora americana Rockstar no qual o jogador comanda um personagem que tem que completar missões que incluem roubar veículos e bancos e fugir da polícia sem ser capturado. A última edição do jogo, "GTA 5", foi lançada em 19 de setembro no Brasil.

Em 3m23s, um ônibus com as janelas quebradas dá marcha ré na avenida Rio Branco. Um homem de camisa branca, provavelmente funcionário da empresa de ônibus, caminha de cabeça baixa e observa a cena.

Vídeo

Um manifestante com uma camisa preta no rosto está ao volante. Ele conduz o veículo a uma calçada no meio da avenida. À medida em que dirige, os próprios manifestantes percebem que é um deles que está no controle do veículo e comemoram. Uns tentam subir. Outros incentivam que ele seja incendiado.

Em seguida, alguém grita: "mais um, mais um". O mesmo motorista aparece dirigindo um segundo veículo que chega a bater na traseira do anterior. O motorista mascarado desce do coletivo e enquanto manifestantes tentam abraçá-lo, ele sai correndo. O próprio cinegrafista se mostra incrédulo com a cena. Em seguida, carros do choque chegam para dispersar o grupo.

O início do vídeo mostra um ônibus já em chamas. A imagem desse primeiro coletivo foi amplamente divulgada pelos jornais e redes de televisão. Manifestantes de rostos cobertos alimentam o fogo com objetos retirados de lojas depredadas no entorno.

A cena é embalada por dois músicos, um com um trompete e outro com um trombone, que criam uma espécie de trilha sonora do caos. Mais atrás, uma barricada de fogo. Policiais do Choque dispersam o grupo com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo.

No minuto de número três, o vídeo sofre um corte. A câmera mostra o prédio do consulado de Angola com os vidros quebrados e com tapumes arrancados. Em seguida vem a cena do motorista mascarado.

A ação ocorreu à noite, após a polícia dispersar um grupo que atacava a lateral da Câmara Municipal do Rio com coquetéis molotovs, rojões, bombas, pedras e paus. A polícia, que assistiu à distância o quebra-quebra por quase trinta minutos, avançou com o Batalhão de Choque. Dois grupos se dispersaram. Um correu na direção do Aterro do Flamengo, onde as imagens do vídeo foram feitas. Outro, correu na direção oposta, onde várias agências bancárias foram depredadas.


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