Folha de S. Paulo


Para associação, Estado deve usar a força contra abusos em manifestações

O presidente da Associação Comercial de São Paulo, Rogério Amato, disse à Folha que "o Estado tem o dever de usar a força" em caso de excesso nas manifestações. Na segunda-feira (7), um grupo que fazia um protesto na região central da cidade destruiu ao menos oito agências bancárias e dois restaurantes. Eles ainda depredaram bancas de jornal, telefones públicos e tombaram um carro da Polícia Civil.

Amato disse que os comerciantes não devem processar o governo para ressarcir o prejuízo, porque é difícil dizer se os PMs foram omissos nos protestos. "Eles [policiais] são os técnicos no assunto [protesto], e devemos confiar neles, mas é certo que estão sendo pressionados excessivamente para não usar a força. Governar é dar sinais, e estamos recebendo sinais de anormalidade na nossa cidade".

Estudante de moda e Humberto Baderna são presos em protesto em SP
Vandalismo passou dos limites, diz Alckmin sobre protestos em SP

O presidente da associação disse que vai ouvir os comerciantes da região para discutir os problemas relatados com as autoridades e evitar que se repitam. Caso isso não ocorra, ele afirma que pode processar o Estado.

Para Amato, os atos violentos contra o comércio desestimulam os empresários do setor. "Se você tivesse dinheiro, investiria no comércio no centro de São Paulo? Depois do anúncio do aumento do IPTU, assistimos a uma pancadaria grotesca como essa, típica do Oriente Médio. Tudo isso tem um custo muito alto", afirmou.

O advogado especialista em direito empresarial Joaquim Manhães Moreira afirmou que é difícil provar que a Polícia Militar deixou a manifestação "correr demais". Isso ocorre devido ao grande número de pessoas envolvidas. "Para que essa acusação seja feita, é necessário ter provas contundentes de que a polícia se manteve pacífica frente aos atos violentos", afirmou.

Ele afirmou que o governo é responsável apenas pelos seus atos, então deve haver provas que os agentes agiram, negligência, imperícia ou tiveram culpa nos prejuízos para serem acusados. "Quando eles usam bombas de gás, spray de pimenta e balas de borracha já é uma prova de que tentaram manter o controle de algo permitido na Constituição", disse.

Desta forma, o advogado afirmou que os comerciantes são os mais prejudicados e ficam sem ter a quem recorrer.


Endereço da página:

Links no texto: