Folha de S. Paulo


Beltrame diz que denúncia de tortura em UPP da Rocinha será investigada

O secretário da Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou neste sábado (5) que as denúncias de suposta tortura praticada por policiais da UPP favela da Rocinha (na zona sul) serão investigadas. Beltrame disse que isso será importante para a confiança dos moradores na polícia local. Entre as supostas vítimas de tortura, está o pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido desde 14 de julho.

"Acredito no processo [de instalação de UPPs] e eu tenho certeza de que a vida deles [moradores de comunidades] mudou. Nós temos lá um comando onde as pessoas estão orientadas para se aproximar deles [policiais]. O mais importante é que se foram cometidos excessos e erros é mostrar para as pessoas que elas são punidas sejam policiais, servidores, traficantes, seja lá quem for", disse o secretário.

As denúncias de tortura na Rocinha foram levantadas durante as investigações de policiais da Divisão de Homicídios do caso Amarildo de Souza. Pelo menos 22 moradores da favela afirmaram que foram supostamente submetidos a sessões de choques e obrigados a engolir cera líquida para apontar possíveis traficantes e locais onde eles escondiam armas e drogas.

Na noite desta sexta-feira (4), os 10 policiais militares supostamente envolvidos na prática de tortura foram presos. Eles são acusados, pelo Ministério Público, pelos supostos crimes de tortura e da morte do ajudante de pedreiro Amarildo.

Beltrame também afirmou que o desfecho do inquérito não desmoraliza o projeto das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora).

"A UPP não sai maculada com isso. O que nós temos hoje lá [na Rocinha] é muito melhor do que havia no passado. (...) A morte de uma pessoa é muito difícil, mas antes a gente não conseguia entregar uma intimação lá dentro. Quantos outros 'Amarildos' existem no Rio de Janeiro, mas os casos nem chegaram à porta da delegacia?", disse.

MANIFESTAÇÕES

Sobre as manifestações dos professores na última semana, Beltrame destacou que houve abusos de parte da Polícia Militar, mas também ocorreram atos de violência de alguns manifestantes.

"Em alguns casos, principalmente os revelados publicamente, houve, sim, excessos (da PM). Mas também tenho que dizer que houve excesso por parte de alguns manifestantes. Tivemos 15 pessoas hospitalizadas, e nove são PMs. Na manifestação da próxima segunda-feira, a Polícia Militar estará lá para garantir a manifestação pacífica, um direito constitucional."


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