Folha de S. Paulo


'Vida melhorou muito, mas não no bairro', diz ex-camelô em Manaus

A vida do motorista Jorge Alessandro de Souza, 31, mudou muito nos últimos três anos. Mas no entorno da casa dele continua tudo igual.

Ex-vendedor ambulante no centro de Manaus, ele deixou a informalidade em 2010 e, de lá para cá, iniciou uma escala de empregos.

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Começou em uma pequena empresa de transportes, onde ganhava pouco mais de um salário mínimo. Hoje, como motorista de ônibus, recebe quase R$ 2.000 entre salário e outros benefícios.

"A vida melhorou muito. Agora a gente até viaja para Fortaleza todo fim de ano. Mas a situação no bairro continua complicada", afirma Souza, que mora com a mãe, a mulher e o filho em frente a um igarapé no bairro São Jorge, na zona oeste da capital do Amazonas.

Bruno Kelly/Folhapress
O motorista de ônibus Jorge Alessandro de Souza, 31, com a mulher, Miriam, 28, e o filho de 12 anos, em casa na zona oeste de Manaus
O motorista de ônibus Jorge Alessandro de Souza, 31, com a mulher, Miriam, 28, e o filho de 12 anos, em casa em Manaus

LIXO E LUZ

O lixo se acumula nas margens do canal, não há coleta de esgoto e a iluminação precária traz a sensação de insegurança --a casa dele já foi invadida duas vezes.

Na garagem, uma lona escura esconde um sonho antigo: o carro que ele comprou em fevereiro passado.

Dentro de casa, há geladeira, televisão e outros eletrodomésticos. Todos novos.

"A maioria dos produtos que comprei ficou com a minha ex-mulher", conta Souza. "Mas, aos poucos, estou comprando tudo de novo."

SALÃO

A atual mulher, Mirian Fernandez, 28, deixou a função de cobradora de ônibus e fez curso de cabeleireira.

Agora, quer ser sua própria patroa: planeja abrir o seu salão. "Mas não aqui, né? Aqui não tem condições. Quero encontrar algum outro lugar", afirma Mirian.


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