Folha de S. Paulo


PM prende suspeito de mapear alvos de ataques de facção criminosa em SP

Policiais que atuam em Presidente Prudente, na região oeste de São Paulo, prenderam na manhã desta quinta-feira um homem suspeito de fazer o levantamento de eventuais alvos de atentados orquestrados pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) no interior paulista.

O investigado, segundo a polícia, era um dos administradores do setor de "pé de borrachas", que é a área responsável por gerir os veículos que pertencem à organização criminosa.

Conforme as investigações, o comerciante Eudes Cristiano do Amaral, 35, conhecido como Bolacha, estava vivendo em Presidente Prudente havia cinco meses. Natural de Osasco, na Grande São Paulo, ele se estabeleceu na cidade para identificar potenciais alvos da facção. Entre as futuras vítimas, estariam agentes penitenciários, membros do Judiciário e representantes da direção de presídios.

Desde maio, a Rota (tropa de elite da PM) está na região oeste paulista por causa de ameaças a autoridades locais. São nos presídios dessa região do Estado que estão detidos os principais chefes da facção criminosa.

Foragido da Justiça pelo crime de roubo a uma empresa de segurança, Amaral foi detido por homens da Rota na casa dele no bairro Parque Cedral. Quando chegaram para cumprir o mandado de prisão, os policiais encontraram cinco tijolos de maconha que totalizavam 6 kg da droga. Ele foi então preso em flagrante por tráfico de entorpecentes.

Ao ser detido, Amaral admitiu aos policiais militares ser membro do PCC e que se mudou para a região oeste a mando do grupo criminoso. Pelo serviço em Presidente Prudente, recebia mensalmente cerca de R$ 4 mil. A mulher do suspeito, Cibele Novaes de Brito, 30, também foi detida pelo crime de tráfico de drogas.

Os policiais encontraram com Amaral uma série de planilhas que continham informações sobre o patrimônio do PCC. Nelas constam dados de veículos que estão em circulação, como um Fiat Idea e um Renault Clio, além de vans usadas no transporte de familiares de presos para penitenciárias em dias de visitas. Com ele também foram apreendidos cinco telefones celular, um pen drive e um notebook.

Quando chegaram a Presidente Prudente, segundo a polícia, Amaral e Cibele compraram uma loja em um shopping popular da cidade. A ideia era usar o espaço para lavar o dinheiro obtido com o tráfico de drogas.

No depoimento prestado a um delegado da Polícia Civil, Amaral negou que trabalha para o PCC e afirmou que que não estava traficando maconha. "Ele disse que tinha medo de morrer se falasse qualquer coisa. Por isso, negou os crimes", disse o delegado Marcelo Minari.

Até a conclusão dessa reportagem, nenhum dos suspeitos havia constituído advogados, conforme a polícia.


Endereço da página: