Folha de S. Paulo


Em Pernambuco, jumentos são trocados por motos para tocar gado

O cenário no interior de Pernambuco em que predominavam jumentos cedeu lugar a motocicletas.

Se, em 2009, 13,4% dos domicílios pernambucanos (345 mil) tinham motos, em 2012 o índice saltou para 19,5% (545 mil), segundo a Pnad.

No Nordeste, casas com moto já equivalem as com máquina de lavar

Esse avanço é acompanhado pelo crescimento de acidentes com motos.

No ano passado, 71% das vítimas de acidentes com transportes terrestres no Estado estavam em motos (30.276 pacientes), diz a Secretaria da Saúde.

Nos cinco primeiros meses deste ano, já foram 11.324 vítimas de acidentes com motos --77% do total.

A imprudência no uso das motos predomina na região metropolitana e no interior de Pernambuco. Não é difícil observar até quatro pessoas --muitas delas crianças-- amontoadas sobre uma moto.

Capacete e fiscalização são quase inexistentes.

O desempregado José Manoel Zezo, 51, pilota uma "cinquentinha", moto de 50 cilindradas de baixo custo. O veículo não precisa ser emplacado, o que deixa os condutores à vontade para infringir regras de trânsito.

Zezo está com o farol da moto queimado, não usa capacete, dirige de sandálias e não tem habilitação. "Perigoso é, né?", diz.

A mudança de hábitos dos pernambucanos é perceptível por todo o Estado. Em Santa Cruz do Capibaribe, no agreste, o gado agora é tocado de moto.

Em Araçoiaba, município mais pobre do Grande Recife, já há mais motos que carros: 813 ante 741.

Só na avenida principal, extensão da PE-041, são cinco pontos de mototáxi, principal transporte coletivo local. Há pontos com mais de 20 condutores.

Cristiano Andrade, 33, atua como mototaxista há três meses. "É mais rápido para se locomover e para trabalhar", diz.

Editoria de Arte/Folhapress

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