Folha de S. Paulo


'Não tem aumento da desigualdade no Brasil', diz ministra

A ministra Tereza Campello (Desenvolvimento Social) disse nesta sexta-feira (27) que não há aumento da desigualdade no Brasil como foi apontado pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2012. O estudo mostra que a desigualdade no Brasil ficou estagnada.

"Não tem aumento da desigualdade no Brasil. A gente vinha tendo uma redução muito grande da desigualdade, teve agora uma desaceleração desse processo, mas a desigualdade continua caindo no Brasil. Para 2013, vamos ter um salto ainda maior. A desigualdade continua caindo no Brasil, para nós isso é um indicador importante", disse Campello.

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A pesquisa mostrou que o rendimento das faixas de renda mais alta cresceu num ritmo mais acelerado do que as de renda menor, especialmente no extrato do 1% mais rico da população. O dado que sinaliza a concentração maior de renda indica que o rendimento dos que estão no topo da pirâmide (1% mais ricos) cresceu 10,8%, numa velocidade superior à média e ao das faixas de menor remuneração. A renda dos 10% mais pobres cresceu 6,6%.

A ministra disse que vai se debruçar sobre esses dados, que ainda não foram totalmente destrinchados pelo governo. Também disse que programas sociais que foram implementados no meio do ano passado, como o Brasil Carinhoso, tiveram um impacto subestimado, por se tratar de um retrato de 2012.

"De 2012 para 2013 acho que vamos ter surpresas importantes, que já são perceptíveis pelos últimos dados da PNE", completou a ministra.

Editoria de arte/Folhapress

ANALFABETISMO

Campello também rebateu registro de queda da taxa de analfabetismo --disse que a interpretação é "contraintuitiva". Segundo a Pnad, pela primeira vez em 15 anos, o índice das pessoas de 15 anos ou mais de idade que não sabem ler e escrever aumentou no país, interrompendo uma tendência de queda contínua que se acelerou principalmente desde o fim dos anos 90.

"Os dados eles na verdade não dá para se afirmar que houve ampliação, seria até contraintuitivo, porque se tem um aumento do nível de escolaridade em todas as faixas no Brasil. A população adulta não aumentou. Essa variação acredita-se que é uma variação de avaliação da própria amostra. Então, avaliação do IBGE, que não dá para dizer que aumentou, que ele está estável", afirmou.

Para a ministra, "não dá para dizer se aumentou 0,1% ou se está no mesmo lugar". "O que se dá para dizer é que é um número estável", disse.

A secretária do Ministério da Educação, Macaé dos Santos (Educação continuada, alfabetização, diversidade e inclusão), adotou discurso semelhante. "Olhar de um ano para outro não é suficiente para entender a questão", disse.

A Pnad mostrou que, entre 2011 e 2012, o percentual de analfabetos saiu de 8,6% para 8,7% - o que corresponde a um total de 13,1 milhões de brasileiros.

"É até difícil identificar as causas dessa variação. Isso está muito localizado numa faixa de idade", disse a secretária, em referência ao grupo acima de 40 anos de idade. Macaé ponderou ainda que o ministério tem ações voltadas para esse público, como o Programa Brasil Alfabetizado, que em uma década atendeu 6,7 milhões de jovens e adultos.

PNE

No PNE (Plano Nacional de Educação), que define 20 metas para o setor nos próximos dez anos, há o compromisso de chegar a uma taxa de alfabetização da população com mais de 15 anos de 93,5% até 2015, além da erradicação do analfabetismo até 2020. O plano está em tramitação no Congresso Nacional há três anos.

"Temos que trabalhar muito. Essa meta é que a sociedade brasileira nos cobra e é um dever do gestor público responder", disse a secretária.


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