Folha de S. Paulo


Região da cracolândia está igual ou pior que antes, diz governo

Indicado pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB) para falar sobre a situação da cracolândia, o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador de um programa estadual voltado para dependentes, disse que o cenário de hoje é igual ou pior do que antes da operação realizada em janeiro de 2012 que previa retomar a área ocupada por viciados.

"Vivemos um paradoxo. Apesar de todas as ações já feitas pelos governos, temos uma cracolândia tão ruim ou pior do que já esteve", afirmou Laranjeira à Folha.

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Já o secretário municipal de Segurança Urbana, Roberto Porto, diz que a aglomeração de pessoas na cracolândia chama a atenção porque a Polícia Militar e a Guarda Civil pararam de espalhar os usuários pela cidade.

Segundo Laranjeira, além do programa Recomeço (que ele coordena e que encaminha 20 viciados por dia para tratamento), uma série de medidas tem sido tomadas.

Cerca de 500 pessoas estão vivendo em residências terapêuticas (locais para tratamento de viciados) na Grande SP, 1.792 foram internadas por meio do Cratod (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas) e 120 estão passando por cursos de qualificação profissional.

"Nunca se ofereceu tanta oportunidade. Mas isso não depende só da saúde. O que precisa ser feito também é impedir a entrada da droga no Brasil", disse o médico.

Segundo o governo, a PM deteve 360 pessoas (entre adultos e jovens) na região central. Dessas, 110 foram recolhidas por tráfico.

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SEM DEMANDA

Já a prefeitura informou que quadruplicou a quantidade de equipes que atua na região central para tentar convencer os usuários a se tratarem. O que reflete diretamente na quantidade de atendimentos. Neste ano, até agosto, foram 56 mil.

Além disso, a gestão Fernando Haddad (PT) informou que a retirada do Centro de Apoio ao Trabalho da alameda Dino Bueno foi influenciada pela baixa procura de atendimento na região.

O ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) foi procurado, mas não comentou a decisão.

Segundo a prefeitura, uma média de 30 pessoas por dia procurava o CAT da Dino Bueno. Na praça do Patriarca, para onde foi transferido, são 400 atendimentos diários.

Outra medida anunciada pela prefeitura é o uso de câmeras por parte da GCM para tentar identificar os traficantes. Os aparelhos, cedidos pelo governo federal, devem funcionar no mês que vem.

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