Folha de S. Paulo


Ex-embaixador brasileiro alertou médicos cubanos sobre retaliação

Em defesa da vinda de médicos cubanos para o Brasil, o ex-embaixador do Brasil em Cuba José Eduardo Martins Felicio disse nesta quinta-feira que os profissionais do país são "preparados" e estão dispostos a ajudar os brasileiros que não têm acesso a médicos. Felicio disse que alertou o grupo de médicos cubanos de eventuais retaliações de profissionais brasileiros como consequência da "liberdade de expressão" que existe no Brasil.

"Eu conversei com eles, disse que não levassem a mal agressões porque ali [em Cuba] a liberdade de expressão tem conotação diferente", afirmou.

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Felicio disse que todos os médicos cubanos têm experiência no atendimento, alguns em áreas de guerra ou tragédias humanitárias. "É gente experiente, que trabalhou em outros países. Não tem nenhum estudante de medicina. São pessoas preparadas que vieram dispostas a ajudar."

O embaixador confirmou que já concedeu dois mil vistos para médicos cubanos, que devem chegar ao Brasil até outubro. Até o final do ano, segundo Felicio, a Embaixada do Brasil em Cuba terá concedido o total de quatro mil vistos para os médicos trabalharem no Brasil.

"Na semana que vem, chegam 800 médicos. A ideia é completar dois mil profissionais nessa primeira etapa e quatro mil até o final do ano", afirmou.

O nome de Felicio foi aprovado na manhã de hoje pela Comissão de Relações Exteriores do Senado para assumir embaixada brasileira no Paraguai. O posto está sem comando desde junho de 2012, quando o Brasil retirou o então embaixador, Eduardo dos Santos, em retaliação ao "impeachment-relâmpago" de Fernando Lugo.

As relações entre os países foram restabelecidas no mês passado, com a posse do presidente Horacio Cartes.

O nome do embaixador precisa agora ser aprovado pelo plenário do Senado para ele assumir o novo posto.

A aprovação da comissão acontece na véspera da visita do presidente paraguaio ao Brasil. Cartes cumpre agenda em Brasília na próxima segunda-feira.

CUBANOS

Alguns cubanos foram vítimas de críticas de médicos brasileiros ao chegarem ao país. Também há conselhos de medicina que se recusam a conceder registro profissional para os estrangeiros atuarem no Brasil no programa Mais Médicos, do governo federal.

Em um dos protestos realizado por médicos brasileiros no Ceará, os cubanos foram chamados de "escravos". O grupo também pediu a exigência de prova para revalidação de seus diplomas.

O Ministério da Saúde e entidades de saúde do Ceará fizeram um desagravo aos médicos estrangeiros e classificaram de "intolerância, racismo e xenofobia" o protesto.

O ministro Alexandre Padilha (Saúde) também afirmou que o governo vai à Justiça, se for necessário, para garantir os registros profissionais dos médicos cubanos.

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