Folha de S. Paulo


Combustão em SC só deve ser controlada nesta sexta-feira

A nuvem de fumaça que toma conta da cidade litorânea de São Francisco do Sul, norte de Santa Catarina, desde a terça-feira (24) à noite somente deve ser controlada amanhã (27) à tarde, segundo o Corpo de Bombeiros.

A prefeitura é mais otimista: diz acreditar que, até o fim da tarde desta quinta-feira (26), a fumaça já esteja controlada.

A combustão --uma reação química, que não produz chamas-- ocorreu num galpão de fertilizantes da empresa Global Logística, perto da área portuária da cidade. O local é como um "panelão": não há fogo, mas muita fumaça.

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Os bombeiros estão usando água para resfriar o local e escavadeiras para tirar o resto dos fertilizantes do galpão, evitando nova combustão. Havia 10 mil toneladas do material, à base de nitrato de amônio. Uma pequena parte dele foi retirada --ninguém sabe estimar quanto.

A população foi retirada dos bairros em redor e no rastro da nuvem. Parte dos moradores saiu da cidade, que está quase deserta, ainda na manhã de ontem. A fumaça contém componentes tóxicos e causa irritação na pele e nas vias respiratórias. Em casos extremos, pode haver intoxicação e taquicardia.

Nesta quinta-feira pela manhã, o prefeito Luiz Roberto de Oliveira (PP) orientou os moradores que deixaram a cidade a não voltar até que o incidente seja controlado. A direção do vento pode mudar e chegar até os bairros centrais --não há, no entanto, previsão de que isso ocorra nas próximas 24 horas.

O Hospital Municipal informou que cerca de 160 pessoas foram atendidas e medicadas desde anteontem, sem gravidade.

Um bombeiro de 59 anos permanece internado, num estado que inspira preocupação: ele teve contato com uma lufada intensa de fumaça enquanto combatia a combustão, ontem à tarde. Teve intoxicação e taquicardia; foi sedado, entubado e encaminhado para um hospital de Joinville. Segundo a prefeitura, ele não corre risco de morte.

DANOS AMBIENTAIS

Até agora, a prefeitura ainda avalia eventuais danos ambientais decorrentes da fumaça, como à água, aos animais ou à vegetação.

O único dado concreto é que peixes de um riacho próximo ao galpão morreram, num incidente "de pequena monta", segundo o secretário municipal do Meio Ambiente, Eni José Voltolini.

Nas primeiras 12 horas, os bombeiros não tinham mecanismos para reter a água usada no combate à combustão, que contém substâncias tóxicas. "Esse produto foi escorrendo, enquanto nós montávamos uma piscina artificial para recebê-lo", diz Voltolini. "Um pouco disso chegou a um córrego, e alguns peixes até morreram. Mas em pequena quantidade."

O secretário afirma que, na tarde de ontem, a piscina, impermeabilizada, já estava instalada e toda a água usada no combate à fumaça era enviada para lá e depois sugada por caminhões-tanque, que a transportaram para depósitos adequados.

O pH do riacho atingido pela contaminação voltou ao normal no fim da tarde de ontem, segundo Voltolini.

De acordo com o secretário, não há risco de contaminação da água da cidade em razão do trabalho dos bombeiros. Quanto aos efeitos da fumaça no ambiente, eles ainda são desconhecidos.


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