Folha de S. Paulo


Família é morta a facadas em apartamento da zona sul do Rio

Três pessoas da mesma família foram encontradas mortas em um apartamento na rua Paysandu, no bairro do Flamengo, na zona sul do Rio, na manhã desta terça-feira (24).

Uma das vítimas é Leonardo Drumond, diagramador do jornal 'O Globo'. Também foram encontrados os corpos da mulher dele, Suzete de Souza, 66, e da filha do casal, Bárbara de Souza, 28.

O delegado Clemente Braune, da Delegacia de Homicídios da Polícia Civil, disse que a família foi morta a facadas. O casal e a filha foram encontrados cada um com um ferimento a faca do lado esquerdo do peito. O homem foi encontrado no chão da sala e as mulheres deitadas em suas camas nos respectivos quartos.

O delegado trabalha com a hipótese de duplo homicídio seguido de suicídio, praticado pelo marido. A arma do crime foi uma faca de cozinha.

As vítimas foram encontradas pela segunda filha de Drumond, identificada apenas por Michele, e uma amiga da família, cujo nome não foi revelado, na manhã desta terça-feira.

Segundo o delegado, a filha afirmou que recebeu um e-mail do pai na madrugada por volta das 5h de hoje. O tom da mensagem, segundo o delegado, era de despedida. O homem teria relatado problemas financeiros na correspondência.

A filha teria visto a mensagem de manhã e correu para o apartamento do pai, na companhia de uma amiga da família. Lá encontraram a porta com o trinco fechado por dentro e por volta das 9h30 acionaram os bombeiros e a Polícia Militar. Ao chegaram ao interior do apartamento, encontraram os corpos.

A filha e a amiga da família já prestaram depoimento e outros parentes e pessoas próximas darão seus depoimentos ao longo da semana.

O laudo pericial deve ficar pronto em uma semana. As imagens do circuito interno do prédio foram solicitadas.

Segundo a corretora de imóveis e moradora do prédio Margarida Meirelles, 51, a família havia se mudado há cerca de seis meses para o prédio e praticamente não tinha contato com os vizinhos. Eles viviam no décimo andar do prédio.

Ainda segundo a vizinha, o casal teria tido uma discussão em um restaurante da região no último domingo.

Em nota divulgada pela assessoria de imprensa, o jornal afirma que as circunstâncias da morte ainda estão sendo investigadas. Drumond, segundo colegas de 'O Globo', era uma pessoa tranquila e educada, que trabalhava no jornal desde a década de 1980. Ele diagramava páginas do caderno Ela durante a semana e fazia plantão na primeira página, às sextas.

"A redação do jornal O Globo lamenta a morte do diagramador Leo Drummond. Leo era um profissional exemplar, participativo e companheiro, e que vai fazer muita falta ao Globo e aos seus amigos da redação", diz trecho da nota divulgada pelo jornal.

OUTROS CASOS

Esse é o quinto crime cometido contra famílias em menos de dois meses. Os outros quatro ocorreram em São Paulo, sendo dois na capital e outros dois em cidades da região metropolitana.

O primeiro crime ocorreu em 5 de agosto, quando foram mortos a tiros os policiais militares, Luís Marcelo Pesseghini, 40, e Andreia Regina Bovo Pesseghini, 36, e o filho do casal, Marcelo, além da mãe e de uma tia de Andreia, de 65 e 55 anos. A suspeita é que o garoto tenha matado os familiares.

Um mês depois, em 8 de setembro, uma outra família foi encontrada morta em Cotia (na Grande São Paulo). Estavam na casa o casal Claudinei Pedrotti Júnior, 39, e Suelen Cristina Silva, 26, e os filhos deles, de 7 e 2 anos. A polícia suspeita que Claudinei tenha cometido o crime e depois se matado.

No dia 15 de setembro, foram encontradas mortas as adolescentes Giovanna, 14, e Paola Knorr Victorazzo, 13, na casa em que moravam na zona oeste de São Paulo. A mãe das garotas foi encontrada na residência bastante alterada, segundo a PM. Ela foi presa e encaminhado a um hospital para avaliação psiquiátrica.

No dia seguinte, foram mortos a auxiliar de enfermagem Dina Vieira da Silva, 42, e quatro dos filhos dela, Karina Rosa, 16, Carlos Daniel, 12, Caroline Laura, 11, e Vitória Cristina, 7, no apartamento da família em Ferraz de Vasconcelos (na Grande São Paulo). O namorado de Dina chegou a ser preso como suspeito do crime, mas foi solto nesta terça-feira.


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