Folha de S. Paulo


Famílias de vítimas de desabamento em SP vão à Justiça por indenização

Famílias das vítimas do desabamento que matou dez pessoas no final de agosto em São Mateus, na zona leste de São Paulo, afirmaram nesta quinta-feira que entrarão com um processo na Justiça pedindo indenização por dano moral e material.

Segundo o advogado Ademar Gomes, contratado pela associação formada por vítimas e seus familiares, os valores pedidos variam de R$ 500 mil a R$ 100 mil, dependendo do parentesco da vítima e o familiar que conduz a ação e da gravidade dos ferimentos.

A associação representa parentes de oito mortos e 16 feridos no desabamento, totalizando 87 pessoas entre avós, esposas, filhos e irmãos. Ao todo, o acidente provocou dez mortes e deixou 26 pessoas feridas.

O advogado afirmou que entrará com a ação na Justiça nos próximos dias e deverão ser citados nela a construtora Salvatta, responsável pela obra, a rede de lojas Torra Torra, que havia alugado o local e contratado a Salvatta, e o proprietário do imóvel, Mostafa Abdallah Mustafa.

Ainda de acordo com Gomes, as famílias não receberam, até agora, nenhuma assistência financeira ou psicológica.

Procurada, a assessoria da rede de lojas afirmou que "não foi notificado e prestará os esclarecimentos necessários nos autos". O advogado de Mostafa afirmou que vai aguardar a ação para se pronunciar sobre o caso.

Já a Salvatta disse, em nota, que "também foi vítima da incúria dos proprietários do imóvel que o construíram e da falta de fiscalização da prefeitura". "Ela disse ainda solidariza-se com a dor dos funcionários que sobreviveram e de todos os familiares que perderam os seus entes queridos."

A empresa disse ainda que "tem efetuando incansáveis esforços para agilizar os trâmites de traslado e acomodação dos familiares das vítimas, prestando integral assistência."

O ACIDENTE

O desabamento ocorreu na manhã do dia 27 de agosto, quando havia 37 operários trabalhando na obra que ocorria na rua Mateo Bei, na região de São Mateus, na zona leste de São Paulo.

Após o acidente, a administração municipal afirmou que a obra estava irregular e que a planta do prédio apresentada à prefeitura no pedido de alvará mostrava apenas um andar no imóvel, apesar dele ter dois. A polícia também não havia sido avisada do embargo da obra, o que deveria ter ocorrido.

Na semana passada, dois funcionários do setor de fiscalização da Subprefeitura de São Mateus foram exonerados de seus cargos. Segundo a prefeitura, eles eram coordenador e supervisor técnico e foram exonerados após "declarações recentes que colocaram em dúvida suas condutas".

Um dos funcionários é Décio Soares de Lima, que, como a Folha mostrou, disse em depoimento à polícia que se "esqueceu" de pedir que seus subordinados verificassem se a obra que desabou no dia 27 de agosto. Também foi exonerado Alfredo Consiglio Carrasco, que era coordenador da CPDU (Coordenadoria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano) da Subprefeitura de São Mateus.


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