Folha de S. Paulo


Reino Unido discute aumento de exigência para médico estrangeiro

Enquanto o governo brasileiro trava batalha com entidades pelo registro de estrangeiros no Mais Médicos, no Reino Unido ocorre o inverso.

O governo britânico acaba de se aliar ao órgão de registros, o GMC (General Medical Council), para ampliar o cerco a médicos que não falam inglês. Um dos alvos são os europeus, que não têm de comprovar fluência no idioma.

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Hoje, 36% dos 260 mil médicos registrados são estrangeiros, sendo 26 mil de países da Europa. O restante de fora, 67 mil, precisa comprovar conhecimento linguístico, além de uma série de documentos, como validação do diploma e experiência na área.

Arquivo pessoal
A brasileira Josevânia Martins, que conseguiu registro para atuar no Reino Unido; governo britânico quer ampliar o cerco a médicos que não falam inglês
Josevânia Martins, que conseguiu registro para atuar no Reino Unido; governo discute aumento de exigência para estrangeiros

Desses, apenas 137 são brasileiros, diz o GMC, órgão equivalente ao CFM (Conselho Federal de Medicina) no Brasil.

O ministério da Saúde do Reino Unido pretende alterar as regras para que o GMC possa exigir, a partir de 2014, comprovação de fluência dos europeus que pedem registros.

O foco são os novos pedidos, mas a mudança daria ao órgão aval para investigar, quando bem entender, qualquer médico, seja qual for a nacionalidade. Uma consulta pública foi aberta anteontem.

Desde 2011, o GMC recebeu 66 relatos de pacientes tiveram problemas com médicos por causa da comunicação.

"A segurança dos pacientes deve vir em primeiro lugar. Os médicos aqui devem falar inglês claramente para poder se comunicar. Caso contrário, temos que impedi-lo de atuar no Reino Unido", diz o presidente do órgão, Niall Dickson.

Em recente declaração, o ministro britânico da Saúde, Dan Poulter, elogiou a presença de estrangeiros, mas disse que são necessárias avaliações "mais rígidas".

Há quatro anos vivendo em Londres, a ginecologista brasileira Josevânia Martins conseguiu o registro sem precisar de prova de inglês porque é casada com um alemão. Ela se enquadrou no grupo de europeus. Agora, não vê problemas no aumento do rigor.

"Aqui, para falar atender um cidadão britânico, não tem como não falar inglês. Precisa saber se ele está com dor de cabeça, de barriga, o que sente. Tem que ter uma boa fluência", diz.

No Brasil, o governo ameaça ir à Justiça contra entidades que não concederem registro aos 682 médicos com diplomas do exterior que participarão do programa. Para o CFM, eles não estão comprovando capacidade e entre as deficiências está a falta de conhecimento de português. O governo alega que o teste de idioma está incluído no programa.


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