Profissionais de educação física, nutricionistas e educadores começaram, nesta terça-feira (17), a pesar, medir a altura e a circunferência abdominal de 13 mil crianças da rede estadual de ensino de São Paulo. No total 128 escolas da capital e da região metropolitana iniciaram o levantamento que tem o objetivo traçar um perfil dos hábitos alimentares das crianças.
A Folha acompanhou o primeiro dia de medição na Escola Expedicionário Brasileiro, onde 700 crianças vão participar da iniciativa. O trabalho foi coordenado pela nutricionista Andreia Regina Ignácio que diz que a maioria das crianças estão dentro do peso -- somente um menino estava com o peso fora do saudável, na sessão que a reportagem acompanhou.
"Esta primeira etapa, que vai durar até o fim do ano, pretende fazer um levantamento detalhado de como está a condição física das crianças. Depois, vamos refazer o levantamento para compararmos e assim implementarmos um trabalho de orientação nutricional junto as unidades de ensino", disse.
Por enquanto o projeto está em fase de testes e deve ser aplicado em todo o Estado daqui a um ano. "Todos os pais receberão um termo de consentimento para que eles saibam como está a saúde dos filhos", afirmou a nutricionista.
Elisabete Silveira Moreno, 48, mãe da aluna Maria Clara Silveira Moreno, aluna do 5º ano, comemorou a iniciativa. "É um projeto que ensina a importância da boa alimentação. O que vale também é que as crianças aprendem desde pequeno se cuidar", disse Elisabete.
A pequena Maria Clara aprendeu em casa que precisa se alimentar bem. Ela tem 39 kg e tem um metro e 38 centímetros de altura. Seu IMC (Índice de Massa Corporal) é de 20,47 Kg/ m2, considerado pela OMC (Organização Mundial da Saúde) como sendo sobrepeso.
Apesar da saúde em dia e sempre comer bem, ela não deixa de lado uma sobremesa. "Aprendi a comer salada esse ano. Sei que é importante, mas não dá para deixar de lado uma sobremesa gostosa", disse.
Hábitos alimentares saudáveis previnem doenças como diabetes, pressão alta e colesterol desregulado. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, no Brasil, 60% dos adultos têm sobrepeso ou já estão obesos. Entre crianças e adolescentes, os números também assustam: entre 5 e 9 anos, 33,5% estão com sobrepeso e 14,3%, obesas.
Os padrões internacionais para criança consideram sobrepeso IMC superior a 20,1 Kg/m2 e obesidade índice superior 23,2 kg/m2, para uma menina de 10 anos, por exemplo.
"Muitas crianças vêm os pais como reflexo da boa alimentação, então cabe a eles educar os pequenos para que eles não sofram no futuro", disse a nutricionista Andreia Ignácio.