O município de Salgadinho (a 111 km do Recife) quer mudar o local para onde foi designado o único médico cubano a que teve direito pelo Mais Médicos, do governo federal.
Ao se inscrever no programa, a prefeitura indicou a necessidade de um profissional para o posto que fica em Sobradinho, zona rural do município.
Não há médico no local há mais de um ano, segundo a secretária de Saúde, Zilda Aires.
"Desde o início do ano que a gente busca. Quando aparece [alguém interessado], só quer trabalhar dois dias", disse Aires.
No fim de agosto, o médico que atendia na unidade da zona urbana pediu demissão.
Agora, a prefeitura tenta convencer o Ministério da Saúde de que é melhor manter o posto rural sem atendimento, já que a demanda no centro da cidade é maior.
"Como a demanda é maior, queremos trazer para cá. O ministério disse que não tinha um parecer [a respeito da possibilidade de troca]", afirmou Zilda Aires.
A Folha não conseguiu visitar o posto de saúde que fica na zona rural na semana passada porque a estrada de terra ficou intransponível, por causa da chuva na região agreste do Estado.
A unidade urbana é bem conservada, apesar das infiltrações que provocam um forte cheiro de mofo.
Procurado, o Ministério da Saúde informou que a prefeitura não pode mudar a destinação do profissional. Segundo a pasta, ele tem de trabalhar na unidade que foi inscrita no Mais Médicos.
Ainda de acordo com a pasta, o município pode se inscrever novamente no programa para solicitar um profissional para o lugar do demissionário.
SUBSTITUIÇÃO
Em Araci (BA), no posto de saúde da família do distrito de Barreiras, a médica Tamillys Figueiredo, 26, dará lugar a um cubano a partir do dia 23.
A prefeitura e ela afirmam que não haverá exatamente uma substituição, algo proibido pelo regulamento do programa.
Tamillys pediu para sair, insatisfeita com o que chama de descumprimento do contrato acertado: em vez dos R$ 10 mil prometidos, diz que o valor chega a cair para R$ 7.000 devido aos impostos.