Folha de S. Paulo


Médicos estrangeiros fazem teste antes de ir para o interior do país

Os profissionais estrangeiros do programa Mais Médicos, em sua maioria cubanos, simularam atendimentos médicos em português nesta sexta-feira (13) para serem avaliados no domínio do idioma. Esse foi o último dia do curso preparatório de três semanas do programa.

Eles tiveram que se comunicar em português com um paciente fictício e depois escrever um diagnóstico dele.

Ministério da Saúde proíbe médico estrangeiro de dar entrevistas em SP

Em Pernambuco, os professores do curso interpretaram pacientes com hanseníase.

"O paciente fazia tratamento há três meses e queria saber se poderia terminá-lo. Acho que fui bem. Fiz relatório, examinei e indiquei o tratamento", disse o cubano Leonardo Arias, que embarca neste fim de semana para Belo Horizonte, onde passará a semana até seguir para Icaraí de Minas (MG), onde trabalhará nos próximos três anos.

A partir dessa simulação, foram avaliados por integrantes do Ministério da Educação, que darão a nota final dos estrangeiros.

O Ministério da Saúde afirma que, caso eles sejam reprovados, não poderão atuar no programa e deverão voltar a seus países.

Como o ministério demorou para dar entrada nos registros dos estrangeiros nos CRMs (Conselhos Regionais de Medicina), os pedidos ainda não foram respondidos e o início da atuação deles, que seria nesta segunda-feira, foi adiado em uma semana.

Com isso, os médicos estrangeiros passarão mais uma semana de aulas, mas desta vez todos já irão para os Estados onde vão trabalhar (atualmente, os estrangeiros só estão tendo aulas em quatro capitais).

"Eles agora vão ter contato com a rede estadual de saúde, para saberem como fazer o encaminhamento da atenção primária para outros níveis", disse Odorico Monteiro, secretário de gestão estratégica e participativa do Ministério da Saúde.

DIFERENÇAS

Os médicos ouvidos pela reportagem disseram que as três semanas de curso foram um bom começo para se familiarizar com a língua portuguesa, procedimentos e doenças brasileiras.

Primitivo Miranda, que vai trabalhar numa comunidade indígena no Amazonas, disse ter conhecido nas aulas enfermidades como febre amarela, malária, doença de Chagas e hanseníase.

A Folha havia conversado com Miranda no primeiro dia de aula e, nesta sexta-feira, foi possível constatar que sua fluência em português estava melhor.

Durante as três semanas de curso e visitas a unidades de saúde, os médicos puderam observar diferença de procedimentos entre Brasil e Cuba.

Práticas médicas comuns em unidades básicas de saúde cubanas como tratamentos intravenosos não são permitidas em postos de saúde da família brasileiros.


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