Folha de S. Paulo


Fãs de Champignon prestam última homenagem em velório em Santos (SP)

Fãs do músico Champignon, ex-baixista da banda Charlie Brown Jr., começam a chegar ao local onde ocorrerá o velório do músico, no cemitério Memorial, em Santos (litoral de São Paulo). A previsão é que o corpo do cantor, morto na madrugada desta segunda-feira, chegue ao local por volta das 20h após deixar uma funerária na Baixada Santista.

"Foi muita pressão em cima dele, outros cantores criticavam seu trabalho na internet. Mas ele estava bem, o Chorão a gente esperava, ele a gente não esperava", disse Andressa Guratti, 23, integrante do fã-clube Champirados. O velório será aberto ao público.

Champignon estava com depressão por críticas à nova banda, diz delegada
Champignon tinha duas armas e testou pistola antes de atirar

Ela disse que o grupo foi criado logo após a saída de Champignon da banda Charlie Brown Jr., e já contava com membros em todo o país e até no Paraguai. Emocionada, ela viajou da capital paulista com outros amigos para prestar a última homenagem a Champignon.

"A gente tinha contato, era relação de amizade, não era nem de fã mais", disse Andressa, que acompanhava a carreira do ídolo desde os 12 anos. Ela disse também que o músico enfrentava dificuldades financeiras.

A empresária de Champignon, Samantha Jesus, confirmou que ultimamente o cantor reclamava da pressão dos fãs, que não estavam contentes com ele sendo cantor. Entretanto, ela disse que ele continuava alegre e brincalhão, o que dificultava a identificação de sinais depressivos no cantor.

"Fomos totalmente surpreendidos. Ele era muito alegre, e isso nos deixa mais tristes", disse a empresária. Ela confirmou que o cantor passava por dificuldades financeiras, assim como todos os outros ex-integrantes da banda desde a morte de Chorão.

Segundo Samantha Jesus, a agenda e os cachês da banda diminuíram, mas havia cinco shows do grupo agendados para este mês. Ela negou qualquer envolvimento do músico com drogas, principalmente depois da morte de Chorão, ou qualquer problema de relacionamento entre ele e a mulher, grávida de cinco meses.

A gravidez dela não corre riscos, mas é possível que a mulher casada com o músico há ao menos um ano não compareça à cerimônia por ter sido medicada e ter ficado em estado de choque. A filha do cantor, de 7 anos, recebeu a notícia de que o pai sofreu um ataque de coração, mas ainda não sabe da morte.

A empresária do músico disse ter conversado com o casal que foi jantar com ele e a mulher horas antes da morte. Eles relataram não ter percebido nenhum comportamento suspeito ou discussão entre o casal.

O pai de Champignon, Luiz Carlos Duarte, chegou ao local por volta das 20h20 e falou rapidamente com a imprensa. Disse apenas que a família está "consternada" e até agora "não sabe o que aconteceu". Sobre problemas enfrentados pelo filho, afirmou que "todos nos temos problemas", e não entrou em detalhes.

AMIGOS

Amigos de Champignon presentes ao velório se disseram surpresos pela morte e descreveram o músico como "animado", "extrovertido" e "generoso".

Para o produtor cultural Cesar Sanchez, 39, que disse conhecer o baixista desde os 14 anos, afirmou ter sido surpreendido pela morte porque Champignon tinha um novo projeto e parecia motivado.

A farmacêutica Daniela Russo, 38, disse que Champignon era "muito alegre e cheio de energia" e que sempre ligava para encontrar os amigos de Santos quando estava na cidade.

A assistente administrativa Daphine Alonso, 31, disse ter conhecido o músico por ser fã do Charlie Brown Jr., e que montou um grupo de fãs que realizava ações sociais no litoral sul paulista.

Ela afirmou que Champignon passou a ajudar as ações do grupo e que chegou até a se vestir de Papai Noel em visita a uma instituição de assistência a crianças em 2006. "Era o único Papai Noel que fazia 'beat box'", afirmou, em referência à "percussão vocal" em que o baixista era exímio.

MORTE

Segundo a polícia, Champignon fez um disparo para testar a arma antes de atirar contra a própria cabeça no início da madrugada desta sexta-feira. O tiro atingiu a parede do apartamento e foi efetuada com uma pistola calibre 380. Além da pistola usada para se matar, o cantor teria ainda uma espingarda calibre 12 em casa.

As duas armas estavam registradas em nome do músico.

O corretor Alexandre Benaion, vizinho de Champignon, disse ter ouvido um barulho de tiro vindo do apartamento do músico por volta da 0h, seguido de gritos da mulher dele e latidos do cachorro do casal. Eles haviam chegado havia cerca de dez minutos de um jantar com um casal de amigos, em um restaurante japonês, onde teriam discutido.

Champignon sofria com um quadro depressivo e estava chateado por conta das críticas que sua nova banda estaria recebendo.

A informação é da delegada Milena Suegama, do 89º DP (Morumbi), que investiga o caso. Ele foi encontrado com um tiro no lado direito na cabeça em seu apartamento no Jardim Caboré, na zona oeste de São Paulo.

Champignon ficou famoso como baixista da banda Charlie Brown Jr., que fundou com o amigo Chorão. Depois da morte dele, há seis meses, Champignon passou a ser vocalista de uma nova banda, A Banca.


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