Folha de S. Paulo


Polícia usa bombas de gás em protesto de professores na casa de governador gaúcho

Policiais militares usaram bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para dispersar uma manifestação de professores promovida na frente da casa do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), em Porto Alegre, na manhã desta segunda-feira (9).

O tumulto ocorreu por volta das 6h30 da manhã e deixou, segundo os sindicalistas, uma pessoa ferida por queimaduras e fez outras duas passarem mal. Ninguém foi preso.

Os professores do Estado estão em greve há duas semanas e reivindicam o pagamento do piso nacional da categoria e a suspensão de uma reforma do ensino médio.

Segundo a Brigada Militar, o ato reuniu 70 pessoas. O comandante do Batalhão de Operações Especiais, Cléber Goulart, afirma que um oficial pediu para que os manifestantes deixassem a rua onde fica a casa de Tarso, no bairro Rio Branco, o que não foi atendido.

Goulart diz que a ação foi rápida e "preventiva" e que havia "ordem" para que o ato não ocorresse na frente da casa do governador. Não houve confronto.

Com a atitude da polícia, os manifestantes se dispersaram. Mas voltaram a reunir-se em outro ponto do bairro e continuaram a caminhada rumo ao centro da capital gaúcha.

Neida Oliveira, dirigente do sindicato Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers), diz que o protesto era pacífico e que a intenção era pedir uma conversa com Tarso sobre negociações.

"O [batalhão de] choque já estava lá e começou a nos agredir", diz.

O governo petista afirma que não vai mais negociar enquanto a greve continuar e que a paralisação atinge menos de 1% das escolas do Estado.

O sindicato mantém ativa oposição a Tarso e costuma promover campanhas duras contra o governo, como espalhar cartazes com o governador com nariz de mentiroso.

A entidade diz que ainda analisa que tipo de atitude vai tomar a respeito da ação da polícia.

O tumulto na manifestação desta segunda-feira lembra um dos episódios mais controvertidos do governo da tucana Yeda Crusius no Rio Grande do Sul. Em 2009, centenas de professores foram à casa da então governadora protestar e impediram a saída dela e de familiares.


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