Folha de S. Paulo


Governo vai excluir acusado de mutilação do Mais Médicos

O Ministério da Saúde informou que vai excluir do Mais Médicos um profissional investigado no Amazonas sob suspeita de mutilar 20 pacientes em cirurgias plásticas.

Ex-deputado federal, Carlos Jorge Cury Mansilla se inscreveu no programa e foi selecionado para atuar em um posto de saúde de Águas Lindas de Goiás (GO), conforme noticiado nesta quarta-feira pelo jornal "Correio Braziliense".

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Lymark Kamaroff, advogado de Mansilla, diz que as acusações de mutilação são por "descontentamento comum no resultado de cirurgias plásticas".

Em Manaus, Mansilla --que exerceu o cargo de deputado federal em 1999, pelo PPB-RO-- foi indiciado sob suspeita de causar danos físicos nas 20 pacientes.

Segundo o delegado Mariolino Brito, exames de corpo delito comprovaram a extensão das lesões.

"Estou há um ano e oito meses tomando antibióticos. Ele causou estrago em toda a minha vida", diz a artista plástica Emília de Souza, 42, que afirma ter sofrido com enfisema pulmonar e infecções após uma abdominoplastia.

O Cremam (conselho de medicina do Amazonas) pediu a interdição profissional de Mansilla por seis meses. Isso o impede de atuar como médico.

Segundo o CFM (Conselho Federal de Medicina), a suspensão do Amazonas foi aplicada em 16 de julho, comunicada aos demais CRMs e disponibilizada no seu site desde então.

O Ministério da Saúde informou, porém, que Mansilla estava com o cadastro médico válido no momento da inscrição. Para isso, usou um registro do conselho de Rondônia, suspenso só hoje.

A pasta encaminhou à reportagem documento com uma consulta feita ontem de manhã no site do CFM e que indicava esse registro em Rondônia. O CFM confirmou que o CRM-RO demorou mais tempo para atualizar a informação.

Willem Madison, secretário de saúde de Águas Lindas, disse que o médico se apresentou anteontem, preencheu papéis, mas não clinicou.

"Liguei para o ministério para dizer que não vamos ter interesse nesse médico", diz. Águas Lindas receberia quatro profissionais --três apareceram, entre eles Mansilla.

OUTRO LADO

Além de negar as acusações de mutilação, o advogado de Mansilla diz que a suspensão do registro no Amazonas e em Rondônia não impede seu cliente de atuar no Mais Médicos.

"Seria [exercício ilegal da medicina] se ele estivesse clinicando em qualquer outro lugar fora do Mais Médicos", diz Kamaroff, que entrou com mandado de segurança para anular a interdição cautelar nos dois Estados.


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