Folha de S. Paulo


Morador de rua que quase foi enterrado vivo está internado no Rio

O morador de rua de 55 anos que quase foi enterrado vivo ontem por três jovens está internado no hospital municipal Miguel Couto, na Gávea, zona sul do Rio.

O homem está com dreno nos dois pulmões, apresenta lesões nas costelas e traumatismo craniencefálico, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde.

SP, RS e DF têm casos recentes de agressão a moradores de rua

Três jovens foram presos em flagrante no fim da madrugada de ontem quando tentavam asfixiar e enterrar vivo o morador, nas areias da praia de Ipanema.

O crime aconteceu por volta das 4h. A vítima, que não teve a identidade divulgada, dormia na areia da praia, quase em frente ao Country Club, um dos mais exclusivos da cidade, quando foi atacado pelo trio.

Empregados em uma barraca na praia, Paulo César Furtado da Silva, 18, e dois adolescentes, de 15 e 17 anos, agrediram o homem com um golpe de pá desferido na cabeça, o imobilizaram e começaram a enterrá-lo deitado em um buraco com cerca de meio metro de profundidade.

Com metade do corpo já coberto pela areia, os jovens colocaram então um saco plástico na cabeça da vítima para tentar asfixiá-lo.

Outro morador de rua que estava próximo à praia no momento do crime percebeu o que estava acontecendo e correu em direção a um carro da Polícia Militar que passava pela avenida Vieira Souto.

De acordo com os policiais militares, quando chegaram na areia, viram Silva segurando o saco plástico usado para tentar sufocar a vítima, enquanto os dois adolescentes, um com a pá e o outro com a mão, jogavam mais areia para enterrar o morador de rua.

Na delegacia, no entanto, os dois adolescentes apresentaram outra versão: Silva estaria somente assistindo, enquanto eles sufocavam e enterravam o homem.

Segundo a Polícia Civil, essa versão seria uma manobra para tentar diminuir uma possível condenação de Silva.

À polícia, os adolescentes disseram que a vítima seria um pedófilo que há cerca de três meses teria tentado estuprar a irmã de 10 anos de um deles, na saída de uma escola primária no Cantagalo, na zona sul carioca.

Na época, de acordo com o depoimento deles, como o crime não foi consumado, a família optou por não fazer o registro do crime.

Segundo a polícia, ainda no depoimento, eles disseram que os três trabalham juntos em uma barraca na praia de Ipanema e decidiram se vingar após reconhecer o homem dormindo na praia.

Editoria de Arte/Folhapress

ANTECEDENTES

Silva completou 18 anos em julho deste ano e tem passagem anterior pela polícia por roubo e furto.

Os dois adolescentes também têm histórico de furto, roubo e porte de drogas.

Silva foi autuado por tentativa de homicídio duplamente qualificado -com motivo torpe e cruel- e foi encaminhado pelos policiais para a cadeia pública Juíza Patricia Lourival Acioli, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio.

Os dois adolescentes apreendidos vão responder por fato análogo ao crime de tentativa de homicídio e foram levados ontem para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, na região central da cidade.

A pena para tentativa de homicídio varia de 6 anos a 20 anos de prisão. As qualificações do crime, no entanto, podem aumentar o tempo de prisão. A pena prevista neste caso para os adolescentes é de no máximo três anos.


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