Folha de S. Paulo


Idosos serão 1/4 da população no ano de 2060, aponta o IBGE

A população brasileira envelhece de modo acelerado e as pessoas com mais de 65 anos serão mais de um quarto dos brasileiros em 2060, segundo projeção do IBGE divulgada nesta quinta-feira. O percentual desse grupo representa 7,4% do total de pessoas que vivem no país neste ano.

O instituto atribui o aumento do número de idosos ao aumento da expectativa de vida e à queda da taxa de natalidade, já que as mulheres têm cada vez menos filhos.

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"Projeta-se uma manutenção da queda da mortalidade, que vem ocorrendo de forma contínua desde a primeira metade do século 20", diz o IBGE, ao justificar sua previsão. Graças às melhores condições de saúde, à redução da mortalidade infantil e ao melhor acesso a serviços básicos, a esperança de vida também avançará de modo constante, segundo o instituto.

A expectativa de vida ao nascer atingiu 71,2 anos para homens e 78,5 para mulheres em 2013, de acordo com a projeção do IBGE. Em 2060, esses valores serão 78 para homens e 84,4 anos para as mulheres. Trata-se, portanto, de um ganho de 6,8 anos de vida para os homens e 5,9 anos para as mulheres, respectivamente.

Tal evolução, diz o IBGE, caracteriza uma "transição demográfica" que altera "significativamente a estrutura etária da população" atual. "A queda da fecundidade, acompanhada do aumento na expectativa de vida, vem provocando um envelhecimento acelerado da população brasileira, representado pela redução da proporção de crianças e jovens, vis-à-vis um aumento na proporção de idosos na população", diz o IBGE.

Para o instituto, o envelhecimento não é necessariamente ruim. Isso porque o fenômeno vai gerar durante um período o chamado "bônus demográfico", quando mais pessoas estarão em idade para trabalhar e um grupo menor de idosos e crianças dependerá do seu sustento.

Editoria de arte/Folhapress

Tal situação já se configura. Atualmente, a cada grupo de cem pessoas com em idade potencialmente produtiva (15 a 64 anos), 46 são dependentes. O chamado "bônus demográfico" atingirá seu menor valor em 2022, quando 42 de cem pessoas serão idosos ou crianças.

"Este processo denominado de 'bônus demográfico' ou 'janela de oportunidade', proporciona ao país oportunidades decorrentes de uma menor parcela da população a ser sustentada pelo grupo economicamente ativo."

Ou seja, mais pessoas podem produzir e gerar renda (e eventualmente destinar esse rendimento à poupança, ao investimento e à acumulação da patrimônio) já que um grupo reduzido da sociedade dependente do seu provento.

CURTO PRAZO

Tal "janela" se fechará rapidamente, porém, em razão do acelerado envelhecimento da população. Em 2060, 65,9 pessoas a cada 100 serão idosos ou crianças. "A principal parcela da população a ser sustentada, anteriormente composta majoritariamente por crianças, passará a ser de idosos", diz o IBGE.

Diante dessa perspectiva, alguns analistas defendem reformas no mercado de trabalho e na Previdência, como o aumento da idade de aposentadoria.

Para Ana Amélia Camarano, demógrafa do Ipea, "se existe um bônus" demográfico a ser aproveitando, também há, por outro lado, um "ônus" do envelhecimento da população e a necessidade de prover saúde, serviços e infraestrutura -tanto para quem está fora ou dentro do mercado de trabalho.

"O bem-estar da população deve ser o objetivo de toda a política pública e há um custo para isso. Então, se há um bônus [de mais gente trabalhando proporcionalmente], há um ônus [de despesas crescentes] ao mesmo tempo."

Camarano pondera, porém, que a população mais velha de hoje em dia e dos próximos anos têm e terá condições de se manter ativa e produtiva por mais tempo do que há 20 anos. "As pessoas vivem mais e com melhores condições de saúde e autonomia."


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