Folha de S. Paulo


Planta de prédio que desabou apontava apenas um andar, diz prefeitura

Uma planta do prédio que desabou na manhã de ontem, na zona leste de São Paulo, mostra apenas um andar no imóvel. Segundo a prefeitura, o documento foi apresentado à administração municipal em um pedido de alvará.

Apesar disso, o imóvel, que passava por obras, tinha dois andares, que ruíram provocando a morte de oito pessoas e ferindo outras 26. Duas pessoas permanecem desaparecidas. Bombeiros ainda fazem buscas no local.

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A planta foi apresentada pela arquiteta Rosana Januário Ignácio e aponta a construção de um pavimento com três divisões --três lojas. O pedido de Alvará de Aprovação de Edificação Nova foi indeferido em 27 de maio de 2013. Alguns dias depois, ela teria apresentado um pedido de reconsideração e uma outra planta, de dimensões e especificações diferentes.

A prefeitura já tinha informado ontem, após o acidente, que o local estava irregular e que os responsáveis já tinham sido multados duas vezes. Embargada, a construção não poderia ter continuado. Com isso, a prefeitura diz que vai apurar, por sindicância, por que não foi feito um boletim de ocorrência registrando o embargo.

A administração acrescentou ainda que "a empresa Salvatta Engenharia também não havia solicitado autorização para qualquer obra, reforma, mudança estrutural ou escavação de solo no imóvel". Ontem, o advogado do proprietário do imóvel afirmou que foram feitas escavações no local.

A nota da prefeitura diz ainda que "não consta também pedido no Contru (que controla o uso dos imóveis) para construção de elevadores ou escadas rolantes", em resposta a outra afirmação do advogado que disse que esse tipo de equipamento estava sendo instalado no local.

A reportagem tentou falar com a arquiteta por telefone, mas ela não se manifestou. Já a Salvatta Engenharia afirmou que ainda não teve conhecimento oficial das afirmações da prefeitura e que só irá se manifestar quando for notificada judicialmente.

ACIDENTE

A queda do prédio deixou oito pessoas mortas, 26 feridas e duas desaparecidas, que ainda estão sendo procuradas. O capitão Marcos Palumbo, do Corpo de Bombeiros, disse durante a tarde de hoje que acha difícil encontrar pessoas vivas no local.

O advogado Edilson Carlos dos Santos, que representa o dono do prédio, Mustafa Abdallah Mustafa, afirmou que modificações feitas por uma empresa de engenharia depois que o galpão já havia sido entregue à rede de lojas Torra Torra podem ter causado o acidente.

Segundo Santos, a obra foi entregue em julho para a Torra Torra, que alugou o imóvel para fazer uma nova unidade. Ele diz que funcionários da empresa Salvatta Engenharia teriam feito escavações no terreno. A empresa, sempre segundo o advogado, estava fazendo alterações para a instalação de elevadores e escadas.

Já a Salvatta Engenharia disse em nota ter sido vítima "da irresponsabilidade dos proprietários" do imóvel. A nota também é assinada pelo Magazine Torra Torra, que contratou a empresa.

De acordo com o texto do Torra Torra e da Salvatta, a responsabilidade pela construção foi do dono do prédio. "As chaves do imóvel ainda não foram entregues pelo proprietário, porque as obras a que se obrigou não foram concluídas. Também não houve a entrega do Alvará de Construção e nem do Projeto Executivo", diz trecho da nota.

Editoria de arte/Folhapress
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