Folha de S. Paulo


Buscas por sobreviventes em tragédia duram mais de 24h em SP

Após 24h do desabamento de um prédio na avenida Mateo Bei, na região do bairro de São Mateus, na zona leste de São Paulo, cerca de 50 bombeiros ainda trabalham, na manhã desta quarta-feira, na busca por vítimas da tragédia. O acidente matou oito pessoas e feriu 26 ontem (27).

A avenida segue interditada para o trabalho da corporação que empenhou 17 viaturas para realizar o resgate de duas vítimas que permanecem desaparecidas. Desde ontem, por volta das 8h30 da manhã -- horário do acidente -- mais de 130 homens dos Bombeiros atuaram na busca por sobreviventes.

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Durante a madrugada, cerca 70 profissionais se revezaram, com ajuda de cães farejadores, na procura pelos operários que trabalhavam na construção do prédio que tinha dois pavimentos. As buscas estão concentradas em dois pontos, onde, desde às 2h, as equipes de resgate atuam em um trabalho minucioso.

Segundo o Corpo de Bombeiros, ainda não é possível dizer as causas do acidente. O major Anderson Lima de Oliveira explicou que, de acordo com relato de testemunhas, a primeira laje do empreendimento, que está localizado em uma área de 1000 m2, cedeu e "levou" as outras.

Lima também afirmou que, a exemplo do começo das buscas na manhã de ontem, o serviço ainda é praticamente manual. " O trabalho de buscas precisa ser minucioso e cauteloso, pois qualquer movimento brusco pode ruir uma galeria onde pode haver sobreviventes", disse o major.

RESPONSÁVEIS

O advogado Edilson Carlos dos Santos, que representa o dono do prédio, Mustafa Abdallah Mustafa, afirmou que modificações feitas por uma empresa de engenharia depois que o galpão já havia sido entregue à rede de lojas Torra Torra podem ter causado o acidente.

Segundo Santos, a obra foi entregue em julho para a Torra Torra, que alugou o imóvel para fazer uma nova unidade. Ele diz que funcionários da empresa Salvatta Engenharia teriam feito escavações no terreno. A empresa, sempre segundo o advogado, estava fazendo alterações para a instalação de elevadores e escadas.

Já a Salvatta Engenharia disse em nota ter sido vítima "da irresponsabilidade dos proprietários" do imóvel. A nota também é assinada pelo Magazine Torra Torra, que contratou a empresa.

De acordo com o texto do Torra Torra e da Salvatta, a responsabilidade pela construção foi do dono do prédio. "As chaves do imóvel ainda não foram entregues pelo proprietário, porque as obras a que se obrigou não foram concluídas. Também não houve a entrega do Alvará de Construção e nem do Projeto Executivo", diz trecho da nota.

Editoria de Arte/Folhapress

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