Folha de S. Paulo


Governo transfere médicos estrangeiros de alojamento

Após reclamações de parte do grupo sobre as acomodações coletivas, uma megaoperação de mudança foi montada para transferir na noite de ontem os cerca de 200 médicos estrangeiros do Programa Mais Médico, em Brasília.

Os homens deixariam os quartos e banheiros coletivos do Batalhão da Guarda Presidencial e as mulheres, as do Regimento de Cavalaria de Guarda. A Folha apurou que os quartos comportam até 40 pessoas.

Sergio Lima/Folhapress
Médicos cubanos no primeiro dia de curso para trabalharem no Brasil
Médicos cubanos no primeiro dia de curso para trabalharem no Brasil

Os médicos foram transferidos para as instalações da ESAF (Escola de Administração Fazendária) e da Enap (Escola Nacional de Administração Pública), com quartos menores, para até três pessoas, e banheiros individuais.

Conduzida por funcionários do governo federal e militares do Exército, a operação contou com quatro ônibus.

Para o médico cubano Angel Romero Negrete, 45, as instalações Batalhão da Guarda Presidencial eram "mais ou menos". "Agora vamos ter mais comodidade", disse à Folha.

"Tem pessoas mais velhas. É muita gente em um espaço pequeno e não temos espaço para estudar", afirmou Diego Dorneles, 29, brasileiro que era médico na Venezuela e aderiu ao programa. Segundo ele, os "novos" quartos terão televisão e acesso à internet.

Outro brasileiro no programa, Thiago das Neves Carvalho, 33, afirmou que o governo "percebeu que as instalações não eram adequadas". "Eu saí da minha casa para morar em um alojamento", disse ele, que atuava como médico na Espanha. Carvalho agora atuará no Acre.

Com apenas alguns brasileiros, a maior parte dos profissionais inscritos no programa do governo federal veio de Cuba, Espanha, Argentina e Uruguai.

A espanhola Sonia Gonzalez, 38, com um filho de quatro anos, está na casa de "amigos dos amigos" e reclamou que o seu problema ainda não foi resolvido. "Com filho pequeno não posso ficar no alojamento. Eles me disseram que resolverão hoje", disse.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, admitiu em entrevista na noite de ontem os problemas dos locais onde os médicos estavam hospedados. "O alojamento era garantido pelo Ministério da Defesa. [...] Nós decidimos deslocar todos esses profissionais médicos para outros locais para que eles possam ter condições de estudar, acesso à internet, poderem ler tudo".


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