Folha de S. Paulo


Advogado diz que empresa fez escavações em terreno de prédio que desabou

O advogado do dono do prédio que desabou nesta manhã na zona leste afirmou que modificações feitas por uma empresa de engenharia depois que o galpão já havia sido entregue à rede de lojas Torra Torra podem ter causado o acidente.

Segundo Edilson Carlos dos Santos, que defende o proprietário Mustafa Abdallah Mustafa, a obra foi entregue em julho para a Torra Torra, que alugou o imóvel para fazer uma nova unidade --a empresa vende roupas populares.

Fomos vítimas da irresponsabilidade do dono, diz empresa de engenharia

Santos diz que funcionários da empresa Salvatta Engenharia teriam feito escavações no terreno. A empresa, sempre segundo o advogado, estava fazendo alterações para a instalação de elevadores e escadas rolantes.

"Já estava alugado para a Torra Torra. O galpão foi construído pelo senhor Mustafa, estava pronto e o grupo Torra Torra entrou e fez as alterações", disse Santos.

O advogado afirmou que um perito contratado por Mustafa esteve na obra na sexta-feira e constatou as escavações. "Eles passaram a mexer na parte de estruturas, de sapatas e ligamentos", disse.

A Folha telefonou para a sede da Salvatta Engenharia e uma funcionária informou que, "em princípio", ninguém iria se pronunciar.

Em nota, o magazine Torra Torra informou que "havia um contrato de locação do prédio, no entanto a rede somente assumiria finalizadas as obras estruturais, pelo proprietário".

"Dessa forma, o Magazine Torra Torra não tem nenhuma responsabilidade sobre a parte de engenharia civil. No momento, uma empresa de engenharia contratada pelo Magazine Torra Torra realizava uma avaliação sobre as condições de uso do prédio", diz o texto.

De acordo coma a nota, caso esse laudo fosse "positivo" e atestasse a segurança, a rede daria início ao acabamento para abrigar a unidade.

"Ressalte-se que o Torra Torra somente entraria com a loja no local, com esse aval técnico. Este é um cuidado que o Magazine Torra Torra toma em todas as lojas da rede, devidamente avaliadas quanto à segurança estrutural, de acordo com engenheiros, para receber nossos empreendimentos", diz.

ALVARÁ

Segundo a Prefeitura de São Paulo, a obra que desabou não tinha alvará necessário para construção. De março para cá, o empreendimento já tinha sido multado duas vezes.

"De acordo com o Código de Obras, a obra só poderia ter sido iniciada, mesmo sem resposta da subprefeitura, caso tivessem decorridos os prazos dos dois pedidos, ou do pedido conjunto (alvará de aprovação e alvará de execução). Ainda assim, a obra ficaria sob inteira responsabilidade do proprietário e profissionais envolvidos e estaria sujeita a adequações ou até demolição", diz nota da prefeitura.

Editoria de Arte/Folhapress

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