Folha de S. Paulo


Governo brasileiro precisa melhorar infraestrutura de hospitais, diz médico cubano

O médico cubano Juan Hernandes, que desembarcou em Fortaleza na tarde deste domingo (25) para participar do programa Mais Médicos, disse que o governo brasileiro precisa melhorar a infraestrutura nos hospitais de municípios do interior.

"O governo vai ajudar, o governo tem que ajudar", afirmou, quando questionado sobre a falta de recursos e equipamentos em hospitais da rede pública de saúde. Ao tomar ciência das condições da saúde brasileira, Hernandes afirmou ter confiança na capacidade do governo brasileira em melhorá-las.

Um dos argumentos dos médicos que se opõem a vinda de estrangeiros ao país é que o problema não é falta de profissionais, mas de infraestrutura de atendimento em cidades do interior.

Na tarde deste domingo, desembarcaram em Fortaleza 79 médicos cubanos. Eles foram recepcionados no Aeroporto Internacional Pinto Martins por manifestantes e representantes de movimentos sociais e entidades sindicais, que traziam cartazes em apoio à vinda dos profissionais da saúde.

Hernandes afirmou que os profissionais de Cuba estão acostumados a fornecer assistência básica em locais com poucas condições de saúde. "A maioria dos nossos médicos já fez mais de três missões", disse.

Ele mesmo já trabalhou em regiões pobres da Bolívia e Venezuela. Quando questionado sobre o salário que receberá, o médico disse que quer "apenas o suficiente para sobreviver".

Os R$ 10 mil mensais da bolsa do programa não serão repassados diretamente aos médicos, mas ao governo cubano, que fará a distribuição. A gestão Dilma diz que, em outras parcerias, Cuba costuma repassar de 25% a 40% do total --que, no Brasil, seria de R$ 2.500 a R$ 4.000.

Hernandes disse que vai sentir falta da família durante o tempo que permanecerá aqui, mas que veio motivado pelo desejo de ajudar outras pessoas.

ESTRUTURA

Luiz Odorico Monteiro, secretário de gestão estratégica e participativa do Ministério da Saúde, apresentou os médicos à imprensa e disse que as iniciativas do governo federal para a saúde vão além da contratação de profissionais de outros países.

"São 6000 unidades de saúde sendo construídas e mais 11 mil sendo reformadas", disse o secretário. Ele ressaltou que o governo deu preferência à contratação de profissionais brasileiros. Os cubanos serão enviados para 701 municípios que não foram selecionados por médicos brasileiros e estrangeiros na primeira fase do programa.

CHEGADA

Aos gritos de "é com saúde que se constrói um Brasil novo", manifestantes presentes no aeroporto batiam palmas e elogiavam a saúde cubana. Túlio Menezes, bancário apoiador da iniciativa de trazer médicos estrangeiros para o Brasil, afirmou que o programa vem para preencher uma lacuna, que é a falta de profissionais de saúde no interior.

Já Rodrigues Lima, estudante e membro da União da Juventude Socialista, disse que o Brasil deve buscar copiar o modelo de medicina que é feito em Cuba, principalmente a relação entre médicos e pacientes.

Os médicos deixaram o aeroporto em direção a um alojamento do Exército. Na segunda-feira, às 8h, terá início a primeira aula do programa, que vai durar três semanas, com o objetivo de selecionar os médicos aptos a exercer a profissão no Brasil. Aqueles que não forem aprovados vão retornar para Cuba.


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