Folha de S. Paulo


Manifestante preso diz que foi vítima de armação de guardas em MS

Um grupo de advogados de Campo Grande, entre eles integrantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB, busca, por meio de uma ação coletiva, libertar o produtor cultural Eduardo Martins, 28.

Ele está preso há dois meses sob acusação de dano ao patrimônio e tráfico. Martins foi detido em uma das manifestações de junho.

Há histórico de desavenças, diz advogado

A defesa do produtor diz que as drogas encontradas na mochila dele foram colocadas por guardas municipais.

"Podem me chamar de ativista chato, marrento, metido a valente e até de maconheiro, mas não sou traficante nem burro", disse Martins, por meio de um advogado.

Na manifestação, em 21 de junho, em Campo Grande, cerca de 5.000 pessoas caminharam até a Câmara Municipal. Guardas municipais fizeram um cerco ao local.

Segundo advogados de Martins, o produtor cultural diz que atirou um ovo no prédio, mas nega que tenha incitado a violência. A Tropa de Choque da Polícia Militar foi acionada e houve confronto.

Martins caminhou com uma amiga até a prefeitura. A partir daí, há dois relatos diferentes sobre o ocorrido.

Segundo o boletim de ocorrência, os guardas que foram da Câmara para a prefeitura reconheceram Martins como um dos vândalos e o abordaram. Na mochila dele, encontraram 13 gramas de cocaína e uma porção de maconha.

Já no relato de Martins, os guardas mandaram a amiga dele embora e o levaram para um local escuro, em um dos acessos à prefeitura.

"Ele diz que ficou duas horas, ajoelhado, levando tapas na nuca", diz a advogada Maria Isabela Saldanha.

O produtor diz que percebeu que os guardas mexeram na mochila e que tentou se virar para verificar o que ocorria, mas foi impedido.

O registro cita que Martins foi levado à delegacia, mas amigos e advogados disseram que desconheciam seu paradeiro. "Foi uma semana em que ninguém conseguiu falar com ele", disse Rogério Batalha, um dos advogados do produtor.

Segundo o registro policial, Martins ficou três dias na delegacia e depois foi levado a uma penitenciária.

OUTRO LADO

A Folha tentou falar com o comando da Guarda Municipal, mas ninguém quis comentar o caso. No início do mês, em nota, a corporação negou perseguição ao produtor e que tenha promovido um flagrante forjado.


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