Folha de S. Paulo


Tiros em casa de PMs mortos poderiam ter sido ouvidos a 50 metros, dizem peritos

Vizinhos podem ter escutado os tiros disparados no dia do assassinato da família de PMs, na Vila Brasilândia, zona norte de São Paulo, no começo do mês. Peritos constataram que os disparos poderiam ser ouvidos a 50 metros da casa da família.

No entanto, nenhum vizinho disse ter ouvido os disparos.

Esse é o resultado preliminar de um teste realizado pelo Instituto de Criminalística na madrugada desta segunda-feira (19) dentro da casa onde o sargento da Rota Luís Marcelo Pesseghini, sua esposa a cabo PM Andréia Regina Bovo Pesseghini, o filho Marcelo Pesseghini, 13, uma avó e uma tia-avó foram mortos.

Segundo uma reportagem exibida hoje pelo "Bom Dia São Paulo", da Rede Globo, foram feitos dez disparos com uma pistola.40, a mesma usada no crime. Dois aparelhos que medem ruído foram instalados em casas vizinhas na rua Dom Sebastião.

INVESTIGAÇÃO

De acordo com a principal linha de investigações, Marcelo matou a família, dirigiu com o carro dos pais até a escola, frequentou as aulas de manhã e retornou para casa de carona. Na sequência, ele se matou.

A Polícia Militar disse que investiga também a acusação de que Andreia teria sido convidada a participar de roubos a caixas eletrônicos. A informação foi dada pelo deputado estadual Olímpio Gomes (PDT), major da reserva da PM.

Ele denunciou o caso à Corregedoria da corporação. O político disse que a policial chegou a denunciar os colegas na época ao seu superior, o capitão Fábio Paganoto. Porém, conforme o deputado, o capitão tentou apurar o fato e acabou sendo transferido para outro batalhão. Em nota a PM informou que a transferência de Paganoto não tem "qualquer relação com a suposta denúncia".

Em entrevista a rádio Bandeirantes na semana passada, o tenente-coronel Wagner Dimas, então comandante do 18º batalhão, também disse que Andreia havia delatado colegas envolvidos em roubo a caixas eletrônicos. Ele afirmou ainda que não acreditava que Marcelo fosse o responsável pelas mortes.

No dia seguinte, foi chamado para depor na Corregedoria da PM e desmentiu os fatos. Na ocasião, o policial disse que não foi claro ao se expressar ao repórter que o entrevistava.

Dimas foi afastado segunda-feira (12) do comando do 18º batalhão. A Folha apurou que ele foi deslocado para fazer trabalhos administrativos no batalhão responsável por planejar ações de policiamento comunitário. Por meio de nota, a PM informou que o coronel Dimas está em tratamento de saúde.

CENA DO CRIME

A casa onde a família foi morta não teve a cena de crime totalmente preservada. A informação consta de nota divulgada na terça-feira (13) pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo.

"O departamento [Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa, DHPP] apenas confirmou afirmação da imprensa de que o local 'não estava totalmente idôneo'. Isso, evidentemente, não quer dizer que houve violação proposital da cena do crime", diz o texto.

Sebastião de Oliveira Costa, 54, parente das vítimas, disse, no último sábado, que chegou à casa às 17h45 do dia 5 e que havia ao menos 30 PMs dentro dela, antes da chegada da perícia.

A polícia pretende chamar para depor os policiais militares que entraram na casa antes da chegada da perícia.


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