Folha de S. Paulo


Depois de 11 anos, largo da Batata fica pronto em dezembro

A primeira obra a impulsionar a urbanização do largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, demorou um ano. A última, ao menos por enquanto, deve ser entregue em dezembro após 11 anos, segundo a prefeitura.

Em 1910, após um ano de trabalhos, foi inaugurado o Mercado dos Caipiras, antecessor do atual Mercado Municipal de Pinheiros, local que iria consolidar o processo de transformação de Pinheiros de vila indígena em núcleo urbano.

Na época, o local não era conhecido como largo da Batata, denominação que surgiu na década de 1920 porque ali se concentrava a venda do produto por agricultores da Cooperativa Agrícola de Cotia.

As atuais obras no local fazem parte da operação urbana Faria Lima, cujo objetivo é requalificar a região.

A operação começou em 1995, no mandato de Paulo Maluf. O projeto para o largo da Batata foi elaborado em 2001 e iniciado em 2002.

Três gestões municipais depois, a prefeitura promete entregar as obras em dezembro próximo, com quatro anos de atraso em relação à previsão original.

A demora irrita os comerciantes da região. Roberto Lo, 55, que trabalha em uma lanchonete da família que funciona há 40 anos no mesmo ponto da avenida Brigadeiro Faria Lima, reclama que os trabalhos levaram a uma queda na frequência dos clientes.

"Obra [demorada] sempre atrapalha. É ruim para os pedestres, os carros e para o comércio também", diz ele, que já perdeu na memória quando os tratores tomaram a região. "Eu nem lembro mais que ano começou."

De acordo com a SPObras, empresa pública municipal e responsável pela gestão dos trabalhos no largo da Batata, o atraso na entrega do projeto se deve a diversos fatores.

DESAPROPRIAÇÕES

Segundo o órgão, houve demora nas desapropriações necessárias às intervenções por terem sido contestadas judicialmente.

Em 2007, ocorreu um acidente nas obras da linha 4-amarela do Metrô, que também gerou atrasos. No largo está localizada a estação Faria Lima da linha, inaugurada em 2010.

Além disso, em 2009 foi descoberto um sítio arqueológico no local das obras. A escavação e o estudo da estação arqueológica também postergaram os trabalhos, segundo a empresa.

Já foram encontrados vestígios de possíveis palafitas, existentes quando a região ainda era região de alagamento do rio Pinheiros, objetos do século 19 e trilhos e dormentes de bonde, que circulou pela rua Teodoro Sampaio da década de 1910 até os anos 1930.


Endereço da página:

Links no texto: