Folha de S. Paulo


Moradores da Vila Cruzeiro dizem que jovem morto no Rio era trabalhador

Moradores da favela Vila Cruzeiro, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro, organizam uma nova manifestação para o início da noite desta quarta-feira na comunidade para pedir Justiça pela morte de um jovem de 17 anos, no local conhecido como parque Proletário.

Na madrugada de hoje três ônibus foram incendiados e um carro da UPP local depredado num protesto violento após o corpo do adolescente ter sido encontrado na laje de uma casa na favela.

Morte de jovem provoca protesto violento na zona norte do Rio

Laercio Neto estava desaparecido desde segunda-feira (12). Moradores afirmam que ele foi visto pela última vez sendo abordado por três PMs da UPP.

"Era um garoto bom, não tinha envolvimento com o crime. Era estudante, trabalhador. Trabalhava junto com o pai numa barbearia na comunidade", disse a moradora Silvia Cristina Bernardo, 38, à Folha.

Diana Brito/Folhapress
Cartaz para o enterro de Laércio Hilário da Luz Neto, 17, encontrado morto com marcas de asfixia na Penha, no Rio de Janeiro
Cartaz para o enterro de Laércio Hilário da Luz Neto, 17, encontrado morto com marcas de asfixia na Penha, no Rio de Janeiro

Por volta das 16h, moradores se aglomeravam no parque Proletário para iniciar o protesto. São esperados manifestantes da Vila Cruzeiro, Grotão, no Alemão (favela vizinha), além de mototaxistas.

Moradores e vizinhos da vítima disseram acreditar que ele foi morto por policiais militares da UPP. Eles contaram que o corpo dele foi encontrado na laje de uma aposentada, moradora da região --depois que um menino pulou no terraço atrás de uma pipa no final da tarde de ontem. A senhora não teria achado o corpo antes porque estava impossibilitada de subir na laje por problemas de saúde.

"Tem uma entrada para a laje na lateral da casa dela. O Laercio deve ter sido obrigado a pular para lá e esganaram ele ali mesmo. Fui criada com ele. Vi ele pequeno. Com certeza foi vingança porque ele era abusado, não gostava de ver coisa errada e acabava falando, mas era trabalhador", afirmou outra moradora, que não quis revelar o nome com medo de sofrer retaliação.

Apesar do policiamento reforçado, o clima continua tenso na região. Moradores avisaram a reportagem para evitar circular em algumas ruas da localidade.

Na tarde de hoje, era possível observar que nenhum ônibus circulava na favela. As carcaças dos veículos incendiados na madrugada continuavam na comunidade.

Cartazes com o horário e local do enterro do corpo do jovem foram colados em postes. Ele vai ser enterrado entre 9h30 e 10h30 no cemitério do Irajá, zona norte.


Endereço da página:

Links no texto: