Folha de S. Paulo


Filhotes de cachorro são encontrados mortos em ONG fundada por deputado

Cinco filhotes de cachorro foram encontrados mortos ao lado de carne moída estragada e remédio vencido dentro de uma geladeira em canil da UPA (União Protetora dos Animais), ONG fundada pelo deputado estadual de São Paulo Feliciano Filho (PEN), pela Polícia Civil de Campinas (a 93 km da capital) na manhã desta quarta-feira (14).

A operação foi desencadeada em um sítio às margens da rodovia Anhanguera, que era usado como canil pela ONG, após dois meses de investigação da Delegacia do Meio Ambiente da cidade.

Além dos filhotes mortos, foram encontrados cerca de 35 animais no local. Segundo a polícia, houve maus-tratos de animais e crime ambiental, pois a água da lavagem dos canis era destinada à nascente de um rio por meio de um sistema de canos.

Fundador da ONG, o deputado estadual do Partido Ecológico Nacional acompanhou o trabalho da polícia pela manhã e afirmou que a ação foi "uma grande armação", com motivação política. "A delegada foi candidata a vereadora, é filiada ao PMDB", disse Feliciano Filho.

A delegada titular da Delegacia do Meio Ambiente, Rosana Mortari, negou perseguição política. "Por acaso eu forjei os nove testemunhos que ocasionaram a abertura do inquérito? Contra fatos, não há argumentos", disse Mortari. "A Justiça autorizou o mandado de busca e apreensão, e a operação foi feita junto com quatro veterinários e a polícia ambiental."

Feliciano Filho disse que os filhotes foram recolhidos da rua já em um estágio de difícil recuperação e, como morreram, foram guardados na geladeira para depois serem incinerados. "A UPA não pode enterrar esses cachorros porque é crime ambiental."

Ainda segundo o deputado, a carne estragada e o remédio vencido teriam a mesma destinação, por isso estavam com os filhotes na geladeira.

Ele rechaçou a denúncia de maus-tratos dos animais e tentou minimizar o suposto crime ambiental. "Tem veterinários que cuidam desses animais todos os dias", disse. "Quanto aos dejetos, eles são acondicionados em sacos plásticos. O que vai para lá [a nascente do rio] é a lavagem do canil."

A ONG recebeu uma multa de R$ 20.500 por maus-tratos contra 39 animais.


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