Folha de S. Paulo


Viúva e segurança são condenados por morte de corretor da Bolsa de SP

Quatro anos e meio após o assassinato do corretor da Bolsa de Valores de São Paulo Fábio Muniz do Amaral, 46, os dois acusados pelo crime foram condenados pela Justiça.

A mulher do corretor, Aparecida Bezerra da Silva, foi condenada a 15 anos de prisão ao ser considerada pelos jurados do 2º Tribunal do Júri de São Paulo como a mandante do assassinato do marido. A condenação ocorreu no dia 1º de agosto.

O segurança particular Wellington de Carvalho Franco foi condenado a 18 anos e nove meses de prisão.

Segundo a acusação, Franco foi contratado pela mulher do corretor para matá-lo em troca de R$ 30 mil.

A intenção da mulher era, segundo apurou a investigação, ficar com um seguro de vida do marido.

Durante a fase de investigação e em seus julgamentos, os réus sempre negaram participação na morte do corretor.

De acordo com a decisão do juiz Paulo de Abreu Lorenzino, a mulher do corretor poderá recorrer da condenação em liberdade. O segurança continuará preso, segundo o magistrado.

O CRIME

A morte do corretor Fábio do Amaral, na noite de 16 de fevereiro de 2009, começou a ser investigada pela equipe "B-Leste" do DHPP (departamento de homicídios) como uma tentativa de latrocínio (roubo seguido de morte).

Amaral foi morto a tiros por dois homens quando deixava seu estabelecimento comercial, na avenida Deputado Emílio Carlos, na Vila Santa Maria (zona norte de São Paulo).

Franco foi preso pelo DHPP, da Polícia Civil de SP, em fevereiro de 2010.

Ele já era investigado por participação em ao menos 40 homicídios na zona norte de São Paulo, a maior parte deles com suspeita de participação de PMs que atuavam, à época dos crimes, no 18º Batalhão. Em 7 dos 40 casos, Franco foi indiciado pela polícia sob suspeita de participação nos crimes.

Ao investigar os cerca de 40 homicídios supostamente cometidos por PMs, "gansos" (informantes, na gíria policial) e seguranças particulares na zona norte de São Paulo, os investigadores da equipe B-Leste chegaram ao nome do segurança Franco, que se apresentava como PM na região onde vivia.

GRUPO DE EXTERMÍNIO

Franco tinha relação próxima com policiais militares do 18º Batalhão, investigados sob a suspeita de integrarem um grupo de extermínio.

Ele trabalhou com o então soldado Pascoal dos Santos Lima, conhecido como Monstro, por ser considerado um matador violento. Ambos fizeram segurança particular em uma loja da região.

Em fevereiro deste ano, o agora ex-soldado Lima e o ex-sargento Lelces André Pires de Moraes Júnior foram absolvidos pelo TJM (Tribunal de Justiça Militar) de SP da acusação de matar em 2008 o coronel José Hermínio Rodrigues, então comandante da PM na zona norte de SP.

Os dois PMs foram expulsos da corporação em setembro de 2012. Na acusação pela morte do coronel, os dois foram absolvidos por unanimidade pelo tribunal militar por falta de provas.

O coronel José Hermínio Rodrigues foi assassinado a tiros no 16 de janeiro de 2008, na avenida Engenheiro Caetano Álvares, na zona norte. O oficial tinha 48 anos e, como comandante da zona norte, investigava a ação de policiais da região em grupos de extermínio e o envolvimento deles com atividades ilegais, como tráfico de drogas.


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