Folha de S. Paulo


Greve de ônibus trava Campinas e causa congestionamento até em rodovias

O segundo dia de paralisação de motoristas e cobradores de ônibus de Campinas (93 km de São Paulo), nesta sexta-feira (9), travou o trânsito da cidade e causou congestionamento até em rodovias que cortam a região, como a Anhanguera (SP-330), que liga São Paulo ao norte do Estado, e a Santos Dumont (SP-075), que liga Campinas a Indaiatuba e ao aeroporto de Viracopos.

Ao contrário de outras manifestações, em que os motoristas e cobradores impediam a saída de ônibus da garagem da empresa, hoje eles começaram a fazer o transporte de passageiros normalmente, mas pararam no meio do caminho e travaram as principais avenidas da cidade, como a Lix da Cunha e a João Jorge, que ligam o centro da cidade à Anhanguera.

Os passageiros foram obrigados a descer e fazer o caminho a pé. Motoristas e cobradores de ônibus de outras empresas que também trafegam por essas avenidas viram a paralisação e aderiram ao movimento, aumentando o congestionamento e o caos na cidade.

São 517 ônibus municipais --mais da metade da frota da cidade-- e 85 linhas da EMTU --que faz o transporte metropolitano da região-- parados.

Os funcionários da VB Transportes, empresa responsável pelo transporte público na região norte da cidade --em distritos como Barão Geraldo e Sousas e bairros como Amarais e San Martin--, questionam a coparticipação de 45% no novo plano de saúde. A empresa diz que o novo plano de saúde foi um pedido dos próprios funcionários.

O congestionamento chegou a 11 km no sentido sul (São Paulo) da rodovia Anhanguera pela manhã, segundo a CCR AutoBAn, concessionária que administra a rodovia. Em dias normais, há lentidão de 2 a 3 km apenas no sentido norte (Limeira), e o normal é um trânsito de 2 a 3 km no acesso à rodovia D. Pedro I (SP-065).

Não houve registro de congestionamento na D. Pedro, segundo a Rota das Bandeiras, mas a lentidão entre os kms 141 e 145, que geralmente ocorre entre 7h e 9h, se estendeu até as 10h de hoje. Na Santos Dumont (SP-075), o congestionamento pela manhã chegou a 8 km na entrada de Campinas, segundo a Colinas.

CAOS

No centro da cidade, os terminais metropolitano e central seguem completamente vazios no início desta tarde e não há previsão de o transporte ser reestabelecido.

A prefeitura informou, em nota, que vai acionar administrativamente as empresas de transporte para que a questão seja solucionada "rapidamente" e que elas serão autuadas em R$ 248,88 para cada viagem que não for feita.

A situação ficou ainda mais caótica no trânsito da cidade porque funcionários da Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas), que executa as atividades técnicas da Secretaria Municipal de Transportes, estão em greve.

Eles protestam por melhores salários e cerca de 200 funcionários fizeram uma caminhada durante a manhã, da sede da empresa até a Câmara Municipal --que teve o plenário depredado por manifestantes que protestavam contra o sistema público de transportes da cidade na quarta-feira (7).

Segundo a Emdec, a adesão à greve é de 20% e pode ter prejudicado a ação da empresa apenas na região periférica da cidade, pois o foco foi priorizar o atendimento à população e a desobstrução das vias arteriais da cidade. Segundo o sindicato que representa os funcionários, a adesão é de 80%.


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