Folha de S. Paulo


Grella nega que troca do comando do Choque tenha relação com protestos

O secretário de Segurança de São Paulo, Fernando Grella Vieira, negou na manhã desta sexta-feira (9) que a troca no comando da Tropa de Choque tenha ligação com a atuação da corporação nos protestos de junho, quando foi criticada, num primeiro momento, pelo excesso de violência e, depois, pela demora em agir.

Segundo ele, a "alternância [de nomes em postos de comando] é republicana" e "salutar".

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"A alternância é republicana, é positiva e tem uma razão de ser", comentou."Ele já estava no posto quando nós assumimos e, naquele momento, não havia sequer um nome e não era nem premente que isto fosse feito. Depois de um período, ele já estava há quase dois anos, e é sempre salutar nessas áreas que haja sempre uma alternância, como forma até mesmo de aprimoramento, de avanço", disse;

Nesta semana, quase dois meses após o início dos protestos, o coronel César Augusto Morelli, foi demitido do cargo. A nova função será exercida pelo coronel Carlos Celso Savioli, que estava no comando da PM na Baixada Santista. Morelli ficou dois anos à frente do Choque.

A Folha mostrou na edição de hoje que a queda de Morelli se deve principalmente a três razões:

1) à ação nos protestos de junho, que levaram à queda das tarifas de transporte; num primeiro momento, a tropa reprimiu os manifestantes de forma violenta, como no dia 13, na av. Paulista; depois, demorou para agir, como em 18 de junho, quando houve ameaça de invasão à sede da prefeitura;

2) à proximidade de Morelli com Antonio Ferreira Pinto, antecessor de Fernando Grella Vieira na Secretaria da Segurança Pública;

3) ao envio de equipes sob o seu comando, como a Rota, para ações no interior do Estado sem aviso ao secretário.

Há ainda questões internas, incluindo divergências com oficiais mais jovens.

A substituição não foi feita antes, segundo os oficiais ouvidos pela Folha, porque a PM não costuma trocar comandantes em meio a crises.

Editoria de Arte/Folhapress

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