Folha de S. Paulo


Alvo de críticas em protestos, chefe da Tropa de Choque cai

Quase dois meses após a contestada atuação da Polícia Militar nos protestos de junho, a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) trocou o comando de sua Tropa de Choque.

Nesta semana, o coronel César Augusto Morelli foi demitido do cargo que ocupava havia quase dois anos. A nova função será exercida pelo coronel Carlos Celso Savioli, que estava no comando da PM na Baixada Santista.

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A Folha apurou com sete oficiais da Polícia Militar que a queda de Morelli se deve principalmente a três razões:

1) à ação nos protestos de junho, que levaram à queda das tarifas de transporte; num primeiro momento, a tropa reprimiu os manifestantes de forma violenta, como no dia 13, na av. Paulista; depois, demorou para agir, como em 18 de junho, quando houve ameaça de invasão à sede da prefeitura;

2) à proximidade de Morelli com Antonio Ferreira Pinto, antecessor de Fernando Grella Vieira na Secretaria da Segurança Pública;

3) ao envio de equipes sob o seu comando, como a Rota, para ações no interior do Estado sem aviso ao secretário.

Há ainda questões internas, incluindo divergências com oficiais mais jovens.

A substituição não foi feita antes, segundo os oficiais ouvidos pela Folha, porque a PM não costuma trocar comandantes em meio a crises.

Questionado sobre as razões da troca, Grella afirmou, por meio de nota, que a mudança foi administrativa.

"Não existe qualquer descontentamento com o coronel Morelli. Ele prestou bom serviço, mas a alternância nos comandos é importante como fator de aprimoramento dos serviços", diz a nota.

Já a PM disse que a demissão se trata de um "processo natural de gestão e renovação na instituição".

A Tropa de Choque tem quatro batalhões e 5.500 homens. Seu chefe é responsável, dentre outros, por comandar o controle de distúrbios civis, nome dado às manifestações, e a Rota, equipe que costuma a atuar em ações onde há grande possibilidade de confrontos com suspeitos.

Editoria de Arte/Folhapress

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