Folha de S. Paulo


Menino aprendeu a atirar com o pai, diz delegado que investiga chacina

O estudante Marcelo Pesseghini, 13, aprendeu a atirar com o pai, Luis Marcelo, e a dirigir com a mãe, Andreia, segundo o delegado Itagiba Franco, que investiga o crime.

O garoto e outros quatro integrantes da sua família foram encontrados mortos com tiros na cabeça na segunda-feira (5) dentro de casa, na Brasilândia (zona norte de SP).

A afirmação foi obtida por meio do depoimento de um policial militar que é amigo de Andreia. É o mesmo PM que foi à casa das vítimas ao se dar conta de que a policial Andreia não foi trabalhar.

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"O menino sabia dirigir porque a mãe ensinava e sabia atirar porque o pai ensinou", disse Franco.

Em depoimento na Terça-feira, um amigo do menino disse que ele costumava repetir uma frase: "Hoje é meu último dia na escola. Amanhã eu não venho mais".

O CRIME

A polícia acredita que Marcelo matou os parentes na noite de domingo (4) ou madrugada de segunda (5). Teria então dirigido até a escola, passado a madrugada no carro, frequentado as aulas de manhã, voltado de carona para casa e se matado.

A família foi achada em casa anteontem, todos com tiros na cabeça. Luis Marcelo Pesseghini, 40, era sargento da Rota. A mulher era cabo do 18º Batalhão. As outras vítimas moravam na casa nos fundos: a mãe dela, Benedita Bovo, 65, e a tia-avó Bernadete Silva, 55.

A versão de que Marcelo é o responsável pelo crime ganhou força após o melhor amigo dele afirmar à polícia que, em diversas ocasiões, ele havia lhe dito que planejava matar a família e fugir.

"Esse amigo nos disse: 'Ele sempre me chamou para fugir de casa para ser um matador de aluguel. Ele tinha o plano de matar os pais durante a noite, quando ninguém soubesse, e fugir com o carro dos pais e morar em um local abandonado'", afirmou o delegado Itagiba Franco.

Câmeras de um imóvel na rua do Stella Rodrigues, colégio particular na Freguesia do Ó, registraram o Classic cinza de Andreia sendo estacionado à 1h25. Às 6h23, sai dele um garoto, que vai até o colégio.

Nas mãos do jovem a polícia não encontrou pólvora. No carro da família, no entanto, foi achado um par de luvas que será periciado na tentativa de encontrar algum vestígio.

Segundo a polícia, o fato de não haver vestígios do armamento não é incomum, pois a pistola.40 utilizada no crime costuma não deixar vestígios. Canhoto, Marcelo tinha na mão esquerda a pistola utilizada pela mãe.

Marcelo tinha diabetes e fibrose cística, doença degenerativa sem cura que pode levar a infecções, problemas digestivos e morte na idade adulta -mas nenhuma alteração psiquiátrica. Ele já havia reclamado da doença a professores e colegas.


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