Folha de S. Paulo


Moradores protestam após incêndio no Recife

Moradores de uma favela no bairro dos Coelhos, região central do Recife, protestaram nesta terça-feira (6) contra a suposta falta de assistência da prefeitura depois que um incêndio destruiu mais de cem barracos na tarde de segunda-feira (5).

Eles dizem que o governo prometeu colchão e comida para os desabrigados, mas, a não ser pela sopa servida na noite de segunda-feira, nenhuma ajuda havia chegado até a manhã desta terça-feira.

"Tem família com criança sem uma alimentação sequer", disse o líder comunitário Clóvis Mário de Lima.

As famílias fizeram barricadas ateando fogo a pneus e pedaços de madeira em três ruas do centro do Recife.

Algumas pessoas também invadiram a escola municipal do bairro e a transformaram em ponto de coleta de doações. Com medo, professores trancaram-se na diretoria. Os alunos não tiveram problemas.

A Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Recife informou que forneceu um lanche para as famílias no início da manhã e outro às 10h30.

A prefeitura disse que as vítimas do incêndio receberão as três refeições.

Segundo a secretaria, 303 colchões começaram a ser entregues às 11h desta terça-feira a 101 famílias cadastradas.

Quem não foi para a casa de familiares será levado para um abrigo em outro bairro, segundo a prefeitura. O governo informou que não distribuiu os colchões ontem para evitar que as pessoas ficassem na escola invadida nesta manhã.

"As pessoas não querem sair da comunidade porque têm um vínculo [com o local]", disse o líder comunitário Lima.

A Prefeitura do Recife informou que fará um mutirão para facilitar a retirada de documentos das famílias que perderam tudo e garantir o auxílio-moradia de R$ 151.

Segundo a Secretaria de Habitação do Recife, 384 famílias de comunidades dos Coelhos deveriam ter sido transferidas para um conjunto habitacional no ano passado.

No entanto, as obras iniciadas em 2009 atrasaram e as famílias só devem receber os apartamentos em dezembro.

ÁGUA

Famílias afetadas pelo incêndio de segunda-feira dizem que os bombeiros demoraram quase três horas para apagar o fogo que destruiu os barracos por falta de água.

O Corpo de Bombeiros negou. Segundo a corporação, foram utilizados 120 mil litros de água, mas algumas mangueira furaram durante a operação.

Não houve registro de mortes, mas 13 pessoas precisaram de atendimento médico após inalarem fumaça.

A causa do incêndio ainda não foi esclarecida.


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