Folha de S. Paulo


Cabeça de juiz morto no Maranhão foi tirada de estaca por tia

A tia do juiz esquartejado após a partida em Centro do Meio foi quem retirou a cabeça do sobrinho da estaca de madeira em que foi colocada.

Otávio Cantanhêde foi morto após dar uma facada em Josemir Abreu, que morreu com o golpe. Enfermeira do hospital de Pio XII, Jane Catanhêde estava de folga quando soube das mortes e foi até o campo.

Esquartejamento vira estigma em vila no Maranhão

"Se tivessem só matado, estava lá, bonitinho, foi vingada [a primeira morte]. Mas cortar do jeito que fizeram?", afirma.

Otávio morava na zona urbana de Pio XII, fazia serviços de vaqueiro e cursava o terceiro ano do ensino médio. Apaixonado por futebol e torcedor do Fluminense, também gostava de festas.

"Todo fim de semana ele jogava num povoado diferente", diz Jane. "Naquele dia, ele passou aqui antes de ir. Eu disse: 'Menino, sei lá o que decorre desses jogos nesses interiores [povoados]'. E ele disse: 'Lá todo mundo é amigo'."

Abreu, que morreu esfaqueado, era do time de Otávio. Criado em Centro do Meio, fez 30 anos dois dias antes de morrer. Comemorou a data com as irmãs, que vivem no povoado.

A tragédia dividiu Pio XII. As autoridades tiveram dificuldade para reconstruir os fatos, pois relatos na zona urbana culpam o jogador e, no povoado, acusam o juiz.

Em Centro do Meio, conta-se que, nos dias seguintes às mortes, boatos de vingança fizeram os moradores trancar as portas e janelas de suas casas.

Félix Lima/Folhapress
Teresa de Souza, vizinha do campo de futebol em que árbitro foi esquartejado no Maranhão; ela testemunhou o crime
Teresa de Souza, vizinha do campo de futebol em que árbitro foi esquartejado no Maranhão; ela testemunhou o crime

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