Folha de S. Paulo


Número de mortes por epidemia de diarreia em Alagoas sobe para 51

O número de mortes devido a uma epidemia de diarreia em Alagoas subiu de 50 para 51 nesta quinta-feira, segundo a Secretaria de Saúde do Estado.

O secretário estadual da pasta, Jorge Villas Bôas, disse hoje que falhas no atendimento aos primeiros doentes que procuraram assistência médica nos municípios podem ter contribuído para as mortes. Mais de 80 mil pessoas foram atingidas pela epidemia no Estado.

Do total de mortos, 29 eram idosos e 19 crianças --a maioria, segundo ele, tinha "pouco mais de um ano". O secretário disse que, dos 25 municípios atingidos pela diarreia, 16 ainda têm epidemia.

Segundo ele, a situação está sob controle. "É inadmissível que, em pleno século 21, ainda morram pessoas por diarreia. Alagoas voltou ao século 19. Felizmente, com as medidas adotadas, estamos saindo dessa situação, voltando para o século 21. Mas nada impede a doença de voltar no século 22", afirmou o secretário.

De acordo com ele, no início do surto, muitas pessoas procuram os postos de saúde com sintomas da doença mas não receberam o tratamento adequado: foram liberadas sem receber soro de reidratação oral nem orientações necessárias para uma reidratação alternativa, a base de soro caseiro.

O secretário afirmou, porém, que "não era justo" culpar atendimentos médicos pelas mortes, "porque a doença deve começar a ser tratada em casa".

Ele disse que moradores idosos da zona rural não têm costume de ir a médicos e que, por isso, "improvisaram" o tratamento inicial em casa. "Quando procuraram atendimento médico já foi tarde demais. Os hospitais estavam superlotados."

Segundo Villas Bôas, as primeiras chuvas após um longo período de estiagem --a região vive a pior seca dos últimos 50 anos -- levaram sujeira e impurezas para poços e outros tipos de reservatórios, contaminando a água. O secretário citou também falta de hábitos de higiene e uma virose provocada pelo rotavírus como fatores que contribuíram para os casos e as mortes por diarreia em Alagoas.

O responsável pela pasta informou que o Ministério da Saúde está ajudando a enfrentar o problemas e uma investigação está sendo realizada para apurar todas as mortes por diarreia em Alagoas.

Em 2012 foram registrados no Estado 45.633 casos da doença, ante os 80.320 ocorridos nos últimos sete meses --aumento de 76%.

A Secretaria Estadual da Saúde não soube informar quantas mortes por diarreia foram registradas em 2012.

PERNAMBUCO

A epidemia de diarreia registrado em Alagoas também atinge Pernambuco, onde o governo já registrou 130.219 casos neste ano.

O número de doentes é quase 50% maior que o do ano passado, quando o Estado teve 87.596 casos. Ao menos seis pessoas morreram em Pernambuco por causa da DDA (Doença Diarreica Aguda).

Os casos aconteceram nos municípios de Salgueiro, Afrânio, Santa Terezinha (duas mortes), Arcoverde e Iati. A Secretaria Estadual de Saúde não registrou mortes no ano passado.

Dos 185 municípios pernambucanos, há casos em 162 (88%), segundo secretaria. Em 86 já há epidemia. Outros 76 estão em estado de alerta. O governo informou que o surto é causado por contaminação de alimentos e da água manipulados e armazenados incorretamente. A seca agrava a situação.

Segundo o governo do Estado, nos próximos dias será publicada uma portaria que autorizará a transferência de R$ 1,13 milhão para ações de prevenção e controle da doença na área crítica.


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