Folha de S. Paulo


Após anúncio de investimento, Dilma critica sistema de metrô em SP

DE SÃO PAULO

Em sua primeira visita a São Paulo após os protestos de junho, a presidente Dilma Rousseff (PT) enalteceu ações do governo federal na área de mobilidade urbana e criticou indiretamente o governador Geraldo Alckmin (PSDB) ao dizer que a capital paulista é "a maior cidade do mundo com o menor sistema de transporte metroviário do mundo".

Dilma falou nesta quarta-feira (31) ao lado do prefeito Fernando Haddad (PT). Ela veio à cidade anunciar a destinação de cerca de R$ 8 bilhões em recursos, dos quais R$ 3 bilhões para corredores de ônibus na capital. Segundo a petista, seria o maior volume de dinheiro federal já destinado, de uma só vez, à prefeitura.

Jorge Araujo/Folhapress
Presidente Dilma Rousseff durante cerimônia de anúncio de investimentos do PAC Mobilidade Urbana em São Paulo
Presidente Dilma Rousseff (PT) em cerimônia que anunciou investimentos do PAC Mobilidade Urbana em São Paulo

A gestão do metrô, cuja necessidade de expansão foi explicitada por Dilma, é responsabilidade do governo estadual, nas mãos do PSDB há 20 anos. "Uma das teorias divulgadas no Brasil é que o país não tinha nível de renda suficiente para comportar metrô. Ora, como é possível uma cidade do tamanho de São Paulo sem transporte metroviário? Sem que o transporte possa ter uma velocidade que recorte a cidade em toda a sua expansão?", questionou a presidente.

"Essa teoria é responsável pelo fato de sermos talvez a maior cidade do mundo com o menor sistema de transporte metroviário do mundo. Isso é uma questão muito séria e nós temos de encará-la e enfrentar esse desafio com todas as armas que temos. Com as parcerias que fazemos com o governo do Estado para acelerar as obras do metrô".

Convidado para o evento, o governador Geraldo Alckmin não compareceu pois já tinha compromisso. Enviou como representante o secretário de Planejamento, Julio Semeghini. A visita de Dilma estava prevista para ontem, mas foi adiada porque a presidente estava doente.

Dilma disse ainda que seu governo já ajuda as obras de ampliação do metrô contribuindo com recursos para as linhas Verde e Lilás, e na CPTM, na modernização de equipamentos da linha Diamante, por exemplo.

INVESTIMENTOS EM SP

Durante o evento em São Paulo, Dilma Rousseff disse que o governo federal destinará R$ 3,1 bilhões para mobilidade urbana, incluindo corredores e terminais de ônibus.

A presidente também garantiu o investimento de R$ 1,6 bilhão para obras contra enchentes, como no córrego Tremembé e no riacho do Ipiranga, além da criação de um parque linear em Perus e obras de drenagem no Vale do Anhangabaú.

As represas Billings e Guarapiranga serão beneficiadas com R$ 3,3 bilhões. Serão construídas na cidade 20 mil unidades habitacionais, que custarão R$ 1,5 bilhão ao governo federal.

TARIFA

A presidente ainda fez questão de dizer que o governo federal agiu para minimizar o aumento das tarifas de ônibus, desonerando a folha de pagamento e o PIS/Cofins das empresas do setor. Foi o aumento no preço das passagens de ônibus que fez com que os protestos estourassem em São Paulo e outras centenas de cidades pelo país em junho.

Numa espécie de resposta velada aos protestos, a petista disse que mobilidade urbana é prioridade de sua gestão porque "garantir transporte público rápido, seguro e de qualidade também é um eixo de redução da desigualdade".

Em contraposição à fala da presidente, o prefeito Fernando Haddad elogiou ações conjuntas que vem firmado com Alckmin desde o início de sua gestão e chamou o governador tucano de "parceiro da cidade de São Paulo". Ele discursou antes de Dilma.

Durante sua fala, a presidente cometeu uma pequena gafe. Ela chamou o bairro do Campo Limpo, na zona sul, de "Capão Limpo", numa confusão com Capão Redondo, que fica na mesma região.(Daniela Lima, Diógenes Campanha e Giba Bergamim Jr.)

Reprodução
Mapa do Transporte Metropolitano de São Paulo, que inclui metrô, trens e EMTU
Mapa do Transporte Metropolitano de São Paulo, que inclui metrô, trens e EMTU

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