Folha de S. Paulo


Cabral recebe família de morador da Rocinha desaparecido

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), recebeu na tarde desta quarta-feira (24) familiares do pedreiro Amarildo de Souza, 47, desaparecido há dez dias. Ele foi visto pela última vez entrando na UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) na favela da Rocinha.

Na reunião, o governo ofereceu à família a entrada em programa de proteção. A medida pode incluir a retirada deles da favela.

"Haverá um diálogo na entrada do programa para definir as medidas de proteção. Há a possibilidade de sair da comunidade", disse o secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira.

A mulher de Amarildo, Elizabeth Gomes da Silva, disse que aceita sair da favela por temer represália de policiais da UPP.

"Meus filhos não querem sair. Mas eu estou com muito medo, durmo na casa dos outros. Não recebi ameaças, mas tenho medo de, quando a poeira abaixar, os policiais fazerem alguma coisa", disse ela.

Amarildo desapareceu no dia 14, durante operação policial na Rocinha. Ele foi levado por policiais militares à sede policial e não apareceu mais. PMs afirmam que ele foi confundido com um suspeito com mandado de prisão, mas ainda não explicaram o sumiço. Quatro policiais foram afastados da UPP.

Segundo Elizabeth, este não é o primeiro caso de desaparecimento envolvendo policiais da UPP. "Já fizeram com outras pessoas e ninguém abriu a boca. Mas eu fui atrás do meu marido."

Ela afirmou que não sabia de uma rixa entre Amarildo e um policial da UPP, informação que está sendo apurada pela Polícia Civil.

Elizabeth disse não acreditar mais que o marido esteja vivo. "Ele está desaparecido há dez dias e não tenho resposta. Ele é trabalhador. Tenho certeza que ele está morto."

O defensor público geral, Nilson Bruno, afirmou que se confirmada a morte e a responsabilidade dos policiais militares, há possibilidade de indenização à família.

O desparecimento de Amarildo se tornou mais uma das críticas ao governador durante os últimos protestos. O grito "Cadê o Amarildo?" se tornou comum.

A sobrinha da Amarildo agradeceu o apoio dos manifestantes. "Quando vamos dormir, estamos sendo cobertos pela sociedade. Agradeço o apoio de todos".


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