Folha de S. Paulo


Delegado-geral do Paraná sai do cargo após denúncia de tortura

Dias depois de dez policiais serem presos no Paraná por suspeita de tortura, foi destituído do cargo, na noite desta segunda-feira (22), o delegado-geral da Polícia Civil do Estado, Marcus Michelotto.

Michelotto, que estava na função desde janeiro de 2011 --quando tomou posse o atual governador Beto Richa (PSDB)--, afirmou, em comunicado aos policiais, que sua saída foi decidida "em comum acordo" com a Secretaria da Segurança Pública.

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"Momento de oxigenação, novos rumos e novos desafios", afirmou o delegado, que irá assumir outras funções na corporação.

Nas últimas semanas, a Polícia Civil do Paraná foi alvo de uma denúncia de tortura contra quatro suspeitos de estuprar e matar a adolescente Tayná Adriane da Silva, 14, no final de junho.

A OAB e o Ministério Público confirmaram que os quatro rapazes presos e indiciados sob suspeita do crime foram agredidos. O envolvimento deles no episódio ainda é investigado, mas os quatro foram liberados pela Justiça e estão sob a guarda do programa de proteção a testemunhas.

Reprodução/RPC TV
Tayná da Silva, 14, foi estuprada e morta
Tayná da Silva, 14, foi estuprada e morta

No total, 15 pessoas estão presas preventivamente acusadas de participarem das torturas para que os homens confessassem, incluindo dez policiais civis. Eles negam as acusações.

No lugar de Michelotto, assume o delegado Riad Braga Farhat, atualmente na Divisão Estadual de Narcóticos e ex-delegado do Grupo Tigre (esquadrão antissequestro da Polícia do Paraná).

A Secretaria da Segurança Pública não comentou pela manhã se a troca está relacionada às investigações do caso Tayná. Uma entrevista coletiva foi convocada para as 16h de hoje.


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