Folha de S. Paulo


'Eu estava bem longe', diz fotógrafo indiciado por ato no PR

Um dos responsabilizados durante os protestos, Ricardo Franzen, 20, se queixa de ter sido detido injustamente. "Eu estava bem longe. Na hora que quebravam o portão, eu estava do outro lado, atrás de todo mundo", diz o fotógrafo, detido na primeira noite de manifestações em Curitiba, em 17 de junho.

Franzen foi indiciado sob suspeita de dano ao patrimônio público, por supostamente ter ajudado a destruir o portão do Palácio Iguaçu, sede do governo do Paraná. "Fui pego por engano", afirma.

Em Salvador, um manifestante ficou 13 dias detido porque não conseguiu pagar fiança de R$ 6.780. A liberdade veio por intervenção da seção baiana da OAB, que obteve habeas corpus na Justiça.

"Foi o único caso de maior duração aqui, e um caso absurdo", diz Domingo Arjones, conselheiro da entidade.

A acusação era de crime de dano qualificado. Motivo: o alvo depredado foi o toldo de um equipamento da Fifa.

Em Brasília, apenas uma pessoa foi indiciada até agora por participar dos protestos: a vendedora Ulianne Santos, 27.

Integrante do Movimento dos Sem Teto, ela admitiu à polícia que pagou R$ 250 para que um caminhoneiro levasse pneus que foram queimados na porta do estádio Mané Garrincha, na primeira manifestação na capital federal, um dia antes da abertura da Copa das Confederações.

Apesar de negar ter ateado fogo aos pneus, Ulianne pode responder a processo por dano ao patrimônio com uso de substância explosiva. Ela pagou fiança, diz não estar arrependida e promete continuar se manifestando.

VIDROS DA PREFEITURA

Em São Paulo, o homem que quebrou os vidros da prefeitura no protesto de 19 de junho ainda não foi denunciado pelo Ministério Público.

Pierre Ramon Oliveira confessou o crime e aguarda o término do inquérito da Polícia Civil para ser intimado a depor na ação de dano contra o patrimônio público.

"Ainda falta um laudo da Polícia Científica para que o inquérito seja encaminhado para o Ministério Público. Não podemos falar se isso vai demorar ou não", disse Gerson Bellani, advogado do rapaz.

Segundo ele, Oliveira teve "um surto psicótico" e fez o que muita gente tinha vontade de fazer. "Ele admitiu que no momento passou um filme na cabeça. O Pierre sabe que o que ele fez não foi certo, mas ele se prontificou em arcar com os custos, que precisam ser justos e individualizados."


Endereço da página: