Folha de S. Paulo


Após prefeitura receber líderes, sem-teto acampados no centro retiram barracas

As cerca de 150 famílias que acampavam em frente à Central da Habitação da Prefeitura de São Paulo, na avenida São João, desmontaram suas barracas na manhã deste domingo (21), após a prefeitura concordar em receber os líderes do movimento.

As famílias estavam acampadas no local desde a madrugada do último sábado (20). Eles fazem parte do Movimento Sem Teto do Sacomã (MSTS) e exigem melhores políticas de moradia.

Na noite de ontem, outras famílias do mesmo movimento invadiram um prédio desocupado no número 311 da rua Conselheiro Crispiniano, também no Centro. Segundo a coordenação da ocupação, 320 pessoas estão ocupando o prédio.

"Retiramos [o acampamento] a pedido do subprefeito da Sé como gesto de confiança da promessa de sermos recebidos hoje", afirmou Robinson Nascimento Santos, um dos coordenadores da ocupação.

Ele e outros membros do movimento se dirigiam para a sede da Secretaria de Habitação, onde foram recebidos pelo secretário de Relações Governamentais, João Antônio, e o subprefeito da Sé, Marcos Barreto.

Entre as reivindicações mais urgentes do grupo --que faz parte das famílias que ocupam as instalações da Universidade São Marcos, na Vila Arapua, zona sul-- está a regularização do cadastro para recebimento do aluguel-social, que, segundo os coordenadores do movimento, não está sendo pago com critérios claros.

Segundo eles, o valor de R$ 900 não está sendo distribuído a todas as famílias, além de muitas vezes ser pago a famílias que não precisariam do dinheiro, deixando outras, mais necessitadas, sem pagamento.

De acordo com Wladimir Ribeiro Brito, também coordenador da ocupação, o movimento é pacífico e está aberto ao diálogo. Mas caso não haja acordo na reunião de hoje, Brito diz que as famílias poderão montar novo acampamento em frente à sede prefeitura.

"Se precisar, a gente acampa até em cima do expresso Tiradentes", diz Brito.

OUTRO LADO

De acordo com a assessoria da Secretaria de Relações Governamentais da Prefeitura de São Paulo, na reunião foi acertado com os líderes que a prefeitura irá avaliar as reivindicações do movimento.

Quanto ás queixas relacionadas ao pagamento do aluguel-social, a prefeitura afirma que o benefício se destina apenas a famílias em situação emergencial ou com extrema necessidade e é pago pelo período de no máximo seis meses.

Sobre a ocupação do prédio na rua Conselheiro Crispiniano, a prefeitura afirma que não pode tomar nenhuma iniciativa, pois o imóvel é privado, cabendo ao proprietário acionar a justiça para futura reintegração de posse.


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