Folha de S. Paulo


Delegado suspeito de torturar quatro homens é preso no Paraná

O delegado suspeito de participar da tortura de quatro homens para que confessassem o estupro e a morte de uma adolescente em Colombo (região metropolitana de Curitiba) foi preso na tarde desta sexta-feira (19), no interior do Paraná.

Silvan Rodney Pereira, ex-titular da delegacia de Alto Maracanã, era considerado foragido. Ele teve mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça na quarta-feira (17).

O delegado, que nega as acusações, foi detido em Laranjeiras do Sul, no centro-sul do Estado, a cerca de 360 km de Curitiba. Seu advogado, Claudio Dalledone Junior, diz que ele se apresentaria nos próximos dias à polícia.

"Ele não torturou, não coadjuvou, não promoveu agressão nenhuma e quer mostrar isso. Não tem nada a temer", afirmou Dalledone Junior à imprensa na quarta-feira (17).

Pereira foi o responsável pelas investigações iniciais da morte de Tayná Adriane da Silva, 14, que desapareceu no bairro onde morava. Na ocasião, quatro funcionários de um parque de diversões de Colombo foram presos e acusados de serem os responsáveis pelo crime. Segundo a polícia, eles confessaram. O parque foi destruído por moradores.

Um teste de DNA, porém, mostrou que o sêmen encontrado na garota não pertencia a nenhum dos quatro suspeitos.

Após a divulgação do resultado dos exames, os presos, com idades entre 22 e 25 anos, disseram ter sido torturados para confessarem. Laudos comprovaram que eles sofreram agressões, mas o Ministério Público ainda não descartou a participação dos quatro no crime.

Os homens foram liberados na última segunda-feira (15), após permanecerem 18 dias presos. Eles estão sob a guarda do programa federal de proteção para testemunhas, em local incerto.

A Justiça decretou na quarta-feira (17) a prisão preventiva de Pereira e de outras treze pessoas, sendo nove policiais civis e um militar. Também foram detidos um guarda municipal, um auxiliar de carceragem e um preso, acusados de participarem das torturas. Segundo o Ministério Público, todos eles foram identificados por fotografias pelos quatro funcionários do parque de diversões.

Os agentes negam terem agredido os suspeitos. O advogado Marluz Dalledone, que defende seis policiais presos, diz que algumas das feridas apresentam "características de autolesão".


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