Folha de S. Paulo


Unidade de saúde sem médico é como hotel de luxo, diz ministro da Saúde

O ministro da Saúde Alexandre Padilha comparou as unidades de saúde que estão equipadas porém não tem médicos para realizar o atendimento a hotéis de luxo. O paralelo foi feito para defender as novas políticas do Executivo para ampliar o número de médicos no SUS.

"Saúde não se faz sem profissionais de qualidade. Um hospital bem estruturado, equipado... uma unidade de saúde sem médico é como se fosse um hotel, um hotel de luxo que não oferece nada" disse Padilha nesta quarta-feira (17), durante seminário de comemoração dos dez anos do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.

De acordo com o ministro, as vezes uma pequena unidade de saúde fluvial, se tiver médico e profissionais comprometidos, faz a diferença em salvar mais vidas. Padilha afirmou ainda que "interesses de reserva de mercado" não cabem no debate e reforçou que o governo entende que faltam médicos no Brasil --visão rejeitada pelas entidades médicas, que reclamam de falta de estrutura para o médico ir para regiões carentes.

O ministro voltou a defender também a importância dos dois anos no SUS, como forma de se ter médicos voltados o paciente como um todo. "Um médico que se forma hoje nunca acompanhou uma gestante do começo ao fim, um hipertenso por mais de dois ou três meses."

Padilha defendeu que, nos últimos dez anos, o Brasil aumentou em quatro vezes o investimento per capita em saúde. Assumiu, no entanto, que o patamar de investimentos está longe do praticado por outros países.

"Precisamos ter o compromisso de continuar ampliando cada vez mais esse investimento per capita, estamos muito distantes ainda de outros países do mundo", disse o ministro.

O projeto "Mais Médicos" encontra resistência entre profissionais do ramo e no Congresso Nacional. Lançado na semana passada, o pacote inclui a ampliação do curso de medicina --com a inclusão de dois anos de serviços a serem prestados no SUS -- e a fixação de médicos estrangeiros e brasileiros no interior do país.

Na última semana, foram apresentadas pelos parlamentares 567 emendas ao texto original da medida provisória que criou o programa, sendo que pelo menos 58 delas querem acabar com os dois pontos centrais da proposta. (Johanna Nublat, Breno Costa, Mariana Schreiber e Tai Nalon)


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