Folha de S. Paulo


Justiça Federal condena 26 pessoas por fraudes no leite em MG

Seis anos após operação da Polícia Federal revelar fraudes na produção de leite em Minas Gerais, a Justiça Federal em Passos (MG) condenou 26 ex-diretores e ex-funcionários da Casmil (Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro) por participação nas irregularidades.

Os réus foram acusados de adulterar o leite para aumentar o volume e o prazo de validade do produto, pela adição de compostos como soda cáustica e ácido nítrico.

Dois ex-presidentes da Casmil estão entre os condenados: José Calixto Mattar e Dácio Francisco Delfano. Coube a eles e a outros membros da diretoria da cooperativa as maiores penas, que variam de 15 a 17 anos de reclusão.

Três fiscais a serviço do SIF (Serviço de Inspeção Federal), ligado ao Ministério da Agricultura, também foram condenados a penas que variam de 14 a 16 anos de prisão. Dois dos fiscais estavam a serviço do SIF, cedidos pela própria cooperativa.

As penas dos 26 réus variam de dois a 17 anos de prisão, sendo que nove pessoas foram condenadas em regime fechado, 16 condenados deverão cumprir as penas no regime semiaberto e apenas um no sistema aberto. A condenação é em primeira instância, portanto, cabe recurso.

Conforme a denúncia do Ministério Público Federal, a cooperativa agia com o intuito de aumentar o volume de leite. Para isso, era adicionado soro ao produto.

Para evitar que essa mistura fosse descoberta e para retirar a acidez do leite, eram adicionados quatro produtos, em processo chamado no jargão dos fraudadores de "recuperação do leite": água oxigenada (peróxido de hidrogênio), soda cáustica, citrato de sódio e também uma pasta chamada "base creme".

Conforme o juiz federal Élcio Arruda, essa "recuperação" era feita visando o "aproveitamento de leite impróprio ao consumo e ao aumento da produção para obtenção de lucro".

Os réus foram condenados pelos crimes de falsificação, corrupção ativa e passiva, adulteração ou alteração de substância ou produtos alimentícios e formação de quadrilha.

OUTRO LADO

A reportagem tentou contato na tarde desta quarta-feira (10) com os advogados Renato Pádua e Paulo Rabello. O escritório em que eles trabalham defende vários réus, entre eles Mattar, ex-presidente da cooperativa.

Foi informado que os advogados estavam em atendimento e não poderiam falar. A reportagem deixou recado, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.


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