Folha de S. Paulo


Casarão dos anos 1960 é demolido na av. Paulista

Um dos últimos casarões habitáveis da av. Paulista foi ao chão na manhã de ontem.

O sobrado dos anos 1960, no número 1.373, entre as alamedas Pamplona e Casa Branca, estava vazio e disponível para locação desde o ano passado. Nesse período, era protegido por um segurança e um cão pastor alemão -que chegou a chamar atenção de ativistas protetores de animais por ficar sozinho no quintal.

De acordo com André Soares, 31, funcionário de uma banca de jornal que fica em frente à casa, homens da demolidora disseram que o imóvel abrigará primeiro um estacionamento e, depois, um edifício de escritórios.

André teve a oportunidade de conhecer o espaço na última Parada Gay, quando pediu ao segurança para usar o banheiro do local. Diz que a casa tinha um salão com palco, uma adega "enorme" e uma sala de cinema.

A casa também tinha móveis antigos que, de acordo com Soares, foram retirados no ano passado antes de ser colocada para locação, quando ainda era habitada por uma senhora "simpática".

Rivaldo Gomes/Folhapress
Casarão dos anos 1960, vazio desde o ano passado e um dos últimos da avenida Paulista, em São Paulo, foi demolido ontem
Casarão dos anos 1960, vazio desde o ano passado e um dos últimos da avenida Paulista, em São Paulo, foi demolido ontem

A Folha tentou contato com a prefeitura, mas não havia plantonistas no feriado para tratar do assunto. No site da prefeitura é possível encontrar um alvará de execução de demolição para o imóvel, com data de 2012. A casa não tinha proteção do patrimônio histórico.

Na última sexta, a Justiça de São Paulo determinou que outro casarão da avenida, a residência Joaquim Franco de Mello, fosse reformado. A conta será dividida entre os herdeiros da propriedade, o governo estadual e a prefeitura. A casa, tombada desde 1992, tem 108 anos.

Outros cinco casarões ainda resistem na Paulista.

Segundo o arquiteto e especialista em patrimônio histórico Alexandre Franco Martins, só um estudo aprofundado revelaria se a casa demolida ontem tinha valor histórico ou arquitetônico.

"Mas, analisando uma imagem da fachada, pode se dizer que é provavelmente um imóvel da década de 1960, sem atributos visíveis que justifiquem sua preservação. Não se trata, por exemplo, de casarão característico da arquitetura residencial eclética dos barões do café, que qualificaram a avenida Paulista no começo do século 20."

Muitos desses palácios resistiram até junho de 1982, quando, da noite para o dia, foram demolidos em série, sem alvará. As demolições vieram depois de o então presidente do Condephaat (órgão estadual de proteção do patrimônio), Ruy Ohtake, declarar que se estudava tombar alguns desses casarões.


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