Folha de S. Paulo


Grupo protesta na praça da Sé pela morte de menino boliviano

Um grupo protestou na tarde deste sábado (6) no centro de São Paulo, pela morte do menino boliviano Brayan Yanarico Capcha, 5, morto na semana passada durante um assalto à sua casa, na zona leste. A passeata saiu da Igreja dos Imigrantes, no Glicério, onde foi realizada uma missa, e seguiu até a praça da Sé.

Segundo a PM, a manifestação reunia cerca de 200 pessoas por volta das 15h50, e contou com um carro de som. Os manifestantes começaram a se dispersar do local por volta das 17h40. O ato teve participação de movimentos sociais, entre os quais integrantes da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e do Centro de Apoio aos Imigrantes. Os organizadores estimaram a presença de pouco mais de mil pessoas.

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Chocado com a tragédia que aconteceu com a família, Carlos Yanarico, tio de Brayan, disse que vai permanecer no Brasil até que ocorra a prisão do suspeito de ter atirado no menino.

"Só peço a justiça para Brayan", defendeu Carlos, logo após assistir à missa de sétimo dia em memória do sobrinho no início da tarde de hoje na Igreja dos Imigrantes. Ele relembrou o momento de aflição de sua família na madrugada em que foram atacados quando chegavam em casa.

Segundo o boliviano, os pais de Brayan estão muito abalados e não pretendem mais voltar ao Brasil. Eles seguiram para a Bolívia, onde o corpo de Brayan foi enterrado na última quarta-feira, e devem permanecer em La Paz.

O garoto foi morto com um tiro na cabeça quando estava no colo da mãe, Veronica Capcha Mamani, 24. O imóvel, em que moravam 11 bolivianos, foi invadido por uma quadrilha armada com facas e revólveres na madrugada de sexta-feira (28). Os bandidos levaram R$ 4.500.

Até o momento, a polícia prendeu três dos cinco suspeitos, e identificou o homem que teria efetuado o disparo. Segundo o delegado Antônio Mestre Júnior, ele é Diego Rocha Freitas Campos, 20, condenado por roubo, e foragido do presídio de Franco da Rocha desde 13 de maio, quando obteve saída temporária para o Dia das Mães.

Reprodução/TV Globo
Documento de identidade do boliviano Brayan Yanarico Capcha, 5, assassinado durante assalto à sua casa na zona leste de SP
Documento de identidade do boliviano Brayan Yanarico Capcha, 5, assassinado durante assalto à sua casa na zona leste de SP

Os assaltantes invadiram a casa quando o tio do menino estacionava o carro, chegando de uma entrega de roupas. Brayan, a mãe e o pai, Edberto anarico Quiuchaca, 28, foram levados para a parte de cima do sobrado. Os demais moradores ficaram no térreo, com parte dos ladrões.

"Me ajoelhei, abraçada ao meu filho. Meu filho dizia 'não me mate, não mate minha mãe'. Mesmo assim, ele atirou", contou Veronica. Antes, diz ela, o menino pediu: "Mãe, me esconde".

A mãe de Brayan entregou R$ 3.500 aos ladrões. O cunhado dela, abordado na garagem, tinha mais R$ 1.000. O corpo do garoto foi velado em Guarulhos (SP), e transportado para a Bolívia, onde foi enterrado.

Desde a morte do garoto ocorreram outros três atos de grupos de bolivianos pedindo justiça. O primeiro deles aconteceu no dia do crime, na frente 49º DP (São Mateus), onde o caso foi registrado. O grupo exibia cartazes pedindo justiça e uma bandeira da Bolívia. Alguns manifestantes tentaram agredir suspeitos detidos para averiguação. Houve uma tentativa de invasão à delegacia.

Duas outras manifestações ocorreram em seguida. Uma delas, no dia 29, contou com 300 bolivianos no cruzamento da rua Bresser com a rua Coimbra, no Brás, no centro de São Paulo. Outro ato, no dia 1º, reuniu cerca de 300 pessoas, segundo a PM, que chegaram a bloquear avenida Paulista e protestaram na frente do Consulado-Geral da Bolívia em São Paulo.


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